Amanhã
(26) os católicos feirenses celebram o dia consagrado a Senhora Santana. A
devoção é antiga e, no passado, mobilizava toda a cidade, embora, ainda hoje,
siga revestida de importância e represente uma das datas mais significativas no
calendário do município. A Catedral de Senhora Santana – que fica na antiga
Praça da Matriz – abriga parte importante dos festejos, inclusive a novena que
antecede a festa. O monumento integra o patrimônio arquitetônico da Feira de
Santana e também se destaca como um dos mais bem conservados.
O
Instituto do Patrimônio Artístico e Cultura da Bahia – o IPAC – registra que,
em 1732, o tenente Domingos Barbosa de Araújo e sua esposa, Ana Brandão, doaram
“cem braças em quadra”, no terreno no Alto da Boa Vista, para que se erguesse uma
capela a Santana e a São Domingos. A escritura pública foi lavrada em 28 de
setembro daquele ano, em cartório do atual município de Cachoeira.
Em
1833 uma nova igreja tinha sido erguida ao lado da então “igreja velha”. Já
estava, segundo registros em atas da Câmara, “na altura de receber madeira”.
Treze anos depois a própria Câmara investiu na ampliação da capela, para que se
pudesse conquistar a sede paroquial. Isso foi garantido pela Lei Provincial
234, com data de 18 de março de 1846.
As
mudanças prosseguiram: em 1882, anotação em ata da Câmara aponta para a doação
de um terreno para a construção da sacristia. Em 1946 a igreja foi elevada à
condição de Matriz e, em 1962, houve nova elevação, à dignidade de Catedral,
pelo Papa João XXIII.
Intervenções
A
Catedral de Santana seguiu o padrão das igrejas matrizes surgidas no século
XVIII, com corredores laterais. “Posteriormente, foi transformada em igreja de
três naves, à semelhança de numerosos exemplos ocorridos no interior do
estado”. Templos semelhantes foram construídos em Ouriçangas, Elísio Medrado,
Castro Alves e, também, na igreja Nossa Senhora dos Remédios, no distrito
feirense de Ipuaçu.
As
janelas rasgadas no andar superior – observáveis nas igrejas de São José das
Itapororocas e de Nossa Senhora dos Remédios – têm inspiração na arquitetura
religiosa de Minas Gerais. Já a “torre sineira com terminação piramidal é
relativamente rara na região, sendo encontrada apenas em Irará, na capela de
Nossa Senhora da Conceição, distrito de Bento Simões e na Igreja de Nossa
Senhora dos Remédios, já citada”, conforme o IPAC.
A
partir da construção da igreja nova houve uma série de intervenções. A mais
remota aconteceu em 1864, quando o padre Ovídio Boaventura determinou a
construção das naves laterais. Em 1913, as torres foram erguidas com orientação
do cônego Tertuliano Carneiro. Na década de 1930 houve duas intervenções: em
1932 a construção do altar do Coração de Jesus e, em 1939, houve a construção
do coro e a recuperação da cobertura.
Algumas
obras mais recentes contaram com a supervisão de Monsenhor Renato Galvão, entre
1965 e 1985: nesse período, houve substituição de piso, revestimento de
azulejos nas paredes, reforma de altar, pintura e aquisição de mobiliário.
Caracterização
O
templo possui área construída de 944 metros quadrados. Tombada em nível
estadual, a Catedral de Senhora Santana possui “relevante interesse
arquitetônico”, apesar das “intervenções sofridas na primeira metade do século
XX”. Há, além, mais descrição: “Apresenta três naves separadas por arcos
ogivais que também separam a capela-mor das antigas sacristias. (...) Recobre o
edifício, telhados em duas e meia águas, arrematados por platibandas vazadas
que eliminaram os antigos beirais”.
Há
mais detalhes: “O pano central da fachada possui três portas no térreo, com
vãos em arco pleno e três janelas rasgadas no nível do coro, com vãos em arcos
ogivais. (...) Coroa o conjunto um frontão recortado encimado por um cruzeiro.
(...) O interior apresenta piso em mármore e marmorite nas naves e em cerâmica
nas antigas sacristias e capela-mor”.
Na
descrição, destacam-se as referências às imagens de Senhora Santana, São
Joaquim, Senhor Morto, Nossa Senhora das Dores (em Roca) e Nosso Senhor dos
Passos. Há, também, descrição da área externa: o documento registra que a praça
Monsenhor Mário Pessoa é bem arborizada, cercada por um gradil de ferro e
calçada com pedras portuguesas.
Amanhã, fé e devoção vão se
misturar na mais importante festa católica do município. O andor, o espocar dos
fogos, a maciça presença popular e de autoridades, tudo recende a tradição e
crença. Como palco secular, o templo impregnado da História religiosa da Feira
de Santana.
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