No início da semana finalmente
foi divulgado aquilo que todo mundo já sabia: Ângelo Coronel (PSD) vai ser um
dos candidatos ao Senado na chapa do governador Rui Costa (PT). Completam o
time – virou moda as referências futebolísticas no cenário político – o
vice-governador João Leão (PP) e o ex-governador e ex-ministro Jaques Wagner
(PT), que também é candidato ao Senado. Todos homens, brancos e ricos. Em
tempos de valorização da diversidade – inclusive de gênero – a composição soa
muito tradicional, conservadora até, por mais que os petistas recusem o rótulo.
A atual senadora Lídice da Mata
(PSB) foi rifada e o PC do B – tradicional aliado petista – também. Não foi à
toa que dirigentes das duas legendas fizeram críticas públicas, expondo o
descontentamento com o perfil da chapa e com modus operandi adotado na definição dos indicados. Mas, romper com
o petismo – pelo menos formalmente – ninguém se dispôs. Pelo menos até aqui.
Do imbróglio, quem emergiu como
eminência parda da composição foi o senador Otto Alencar (PSD), que bancou a
indicação de Ângelo Coronel. Ambos, aliás, integravam o chamado grupo carlista,
capitaneado pelo falecido senador Antonio Carlos Magalhães, que morreu em 2007.
Mudaram Alencar e Coronel ou mudou o PT? É uma questão candente, mas não dá
para não atribuir ao petismo, pelo menos, uma exagerada dose de pragmatismo.
Pelo visto, no plano baiano, o
petê arrematou sua costura política. Resta o quiproquó envolvendo Lula, preso
em Curitiba há mais de dois meses. Principal liderança da legenda, o
ex-presidente é determinante no sucesso eleitoral do partido, inclusive na
Bahia. Caso fique de fora, certamente haverá prejuízos que só poderão ser
dimensionados depois das eleições de outubro.
Oposição
As expectativas, agora, se
voltam para a finalização da principal chapa da oposição, capitaneada pelo
ex-prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo de Carvalho (DEM). Há meses – a
indicação foi sacramentada em abril, após a desistência do prefeito
soteropolitano ACM Neto – que borbulham especulações sobre quem vai compor,
junto com José Ronaldo e Jutahy Magalhães (PSDB), a chapa da oposição.
Nomes são lançados a todo
momento, num turbilhão especulativo que atende mais à necessidade de gerar
manchete que, propriamente, a refletir as conversas que vão se avolumando. O
deputado federal Irmão Lázaro (PSC) e a vereadora de Salvador Ireuda Silva (PRB),
negros e evangélicos, são os nomes mais intensamente especulados até aqui. Mas,
pelo jeito, não existe nada concreto até aqui.
Enquanto isso, o ex-prefeito
feirense mantém uma agenda intensa de viagens pelo interior da Bahia.
Percebe-se que se movimenta com discrição, conforme é seu estilo político.
Talvez esteja aguardando maior clareza no cenário político – local e nacional –
para avançar em direção às tratativas finais de sua chapa. Os próximos dias
confirmação – ou não – toda a especulação sobre nomes.
Incertezas
nacionais
É inegável a vantagem relativa
do governador Rui Costa na sucessão estadual. Afinal, está no exercício do
mandato e pesquisas lhe atribuem ampla aprovação da população. Para completar,
foi favorecido pela surpreendente desistência do prefeito de Salvador, apontado
como nome certo na corrida sucessória. Mas, em função das incertezas do cenário
nacional, é preciso cautela para avaliar a sucessão baiana.
O confuso quadro político
nacional vai influenciar, em alguma medida, as escolhas dos eleitores baianos
para governador? É possível, mas não dá para dimensionar no momento. Lula
provavelmente será descartado, a liderança hoje cabe a Jair Bolsonaro (PSL-RJ)
e os candidatos apontados como de “centro” não conseguem decolar. No meio do
salseiro, movimentam-se Marina Silva (Rede-AC) e Ciro Gomes (PDT-CE), como
incógnitas.
Em suma, chega-se às
vésperas do mês de julho com amplas indefinições, com o cenário político
inteiramente imprevisível. Faltam, a partir de agora, pouco mais de três meses
para as eleições. Será o momento mais tenso do ano, num país que vive profundas
tensões políticas há, pelo menos, quatro anos.
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