Daquilo
que ainda resta do rico patrimônio arquitetônico da Feira de Santana se destaca
o casarão do intendente Eduardo Froes da Motta. O imóvel fica na rua General
Câmara, aquela que liga as praças Froes da Motta e Nordestino, no centro da
cidade. A construção é antiga e imponente: quem transita ali, pela rua
estreita, não deixa de se impressionar com o porte, com os detalhes caprichados,
com o padrão difícil de se ver no município, mesmo na primeira metade do século
passado.
Não
é para menos: quem teve a iniciativa da construção foi Agostinho Froes da
Motta, em 1902. A ideia surgiu depois de uma viagem a Hamburgo, na Alemanha,
quando decidiu fazer uma casa com planta equivalente. No ano seguinte o imóvel
estava pronto. A responsabilidade pela construção ficou com o mestre de obras
João Pascoal dos Santos. Em 1922 Agostinho morreu e o imóvel foi herdado pelo
filho, Eduardo.
No
ano seguinte Eduardo e a família passaram a residir no imóvel. Data da época
uma série de intervenções: construção de varandas e janelas voltadas para a
praça Froes da Motta, colocação de forro em estuque, além das pinturas a óleo
que, hoje, constituem uma das principais atrações do casarão. A família passou
a residir no local depois dessas intervenções.
Décadas
depois – é o que registra publicação do Instituto do Patrimônio Artístico e
Cultural da Bahia (IPAC) –, entre 1950 e 1965, foram realizadas novas
intervenções: o forro de estuque, que foi se deteriorando, foi substituído por madeira.
O casarão passou também por obras de estabilização, com a construção de pilares
em alvenaria de tijolo, o que conferiu maior segurança.
Caracterização
O
imóvel, cuja área construída totaliza 527 metros quadrados, possui algumas
particularidades apontadas no relatório do IPAC. É o que é possível constatar
nesse trecho: “Sua planta, bastante larga e de pouca profundidade, repete o
esquema de longo corredor central ligando os salões sociais à sala de jantar,
neste caso, porém, de forma transversal”.
Adiante,
nota-se que “o porão alto, elemento que deu à casa o conforto de sobrado,
eliminando a umidade, proporciona também uma maior privacidade ao elevar o
peitoril das janelas”. Outro elemento que o texto destaca é a varanda:
“Elemento raro é a varanda articulando a área de serviço ao corpo da casa,
encontrada apenas na Creche Infância Feliz, em Coração de Maria”.
Como
todo mundo sabe, os antigos casarões das cercanias – que, durante décadas,
funcionaram sobretudo como modestos hotéis e pensões que abrigavam viajantes em
trânsito pela cidade – foram sendo demolidos, dando espaço aos funcionais
imóveis comerciais. O documento caracteriza o entorno: “Os logradouros são
constituídos por imóveis novos ou já alterados, de um ou dois pavimentos, com
uso predominantemente comercial”.
Mais descrição
A
descrição do casarão pelo documento do IPAC não se encerra aí: “Casa urbana de
relevante interesse arquitetônico desenvolvida em um único pavimento. Apresenta
corpo principal com planta retangular, recoberta por telhado de quatro águas”. Outros
detalhes se referem à fachada: “Fachada principal parcialmente precedida de
varanda, encimada pela platibanda com desenhos diferenciados e apresentando
rico tratamento em modenatura”.
À
época da última revisão do documento – julho de 2002 – destacaram-se as
excelentes condições de conservação do imóvel. Há uma referência especial ao
mobiliário, considerado muito bem cuidado. Apontava-se, também, um risco
potencial à conservação: o falecimento dos proprietários e uma hipotética venda
pelos herdeiros.
Esses temores, porém, não
se confirmaram: hoje o vistoso casarão abriga a sede da Fundação Cultural
Egberto Costa – vinculada à prefeitura de Feira de Santana – e as condições de
conservação seguem satisfatórias, conforme percebe quem transita pelas
imediações. Trata-se, a propósito, de um caso raro de patrimônio bem conservado
no município, a exemplo da sede da prefeitura e do Centro Universitário de
Cultura e Arte, vinculado à Uefs.
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