Foi
interessante o ato do 1º de Maio na Feira de Santana, mas também pelo Brasil.
Para começar, foi escolhido um excelente local: aquela praça ampla que fica na
Cidade Nova, às margens da BR 116 Norte e ao lado do terminal de transbordo.
Amplo, o logradouro abrigou uma feira solidária e muitos ambulantes que vendiam
água, refrigerante e cerveja a preços populares, para amenizar o calor. Por lá,
passou muita gente pela manhã e no início da tarde, quando o ato foi encerrado
com apresentações da Quixabeira da Matinha e do Roça Sound.
Sempre
deserto, o centro da Feira de Santana não atrai gente nos feriados há muito
tempo. Tudo bem que sua localização é central e torna os deslocamentos mais
equânimes. Mas, por lá, não circula ninguém e a repercussão costuma ser tímida.
Na Cidade Nova o comércio atrai muita gente e o fluxo pelo terminal de ônibus é
contínuo. Foi o que se viu na quarta-feira.
Outra
novidade positiva é que, pela primeira vez em muito tempo, as mais diversas
vertentes partidárias, sindicais e sociais marcaram presença desde a fase de
organização do evento, que se tornou, mais do que antes, obra coletiva. Pelo
que comentaram muitos participantes, foi o embrião de um esforço mais
articulado e que tende a mobilizar mais gente contra as deploráveis reformas
urdidas em Brasília.
Muita gente
que labuta no campo – um dos alvos preferenciais do novo regime – marcou
presença, encorpando o movimento. Mulheres com saias coloridas, homens com
chapéu e camisa social e mãos calosas. Professores, servidores públicos,
artistas, gente ligada à cultura e à imprensa também se incorporaram ao ato. O movimento
foi mais robusto que os anteriores, o que bafeja alguma esperança em relação
aos grandes retrocessos que se pretende impor aos brasileiros. Mas segue sendo
necessário ir além.
Nos
discursos, os oradores ressaltaram a necessidade de brecar a reforma da
Previdência nos termos propostos pelo governo de plantão. Mas sobraram farpas
também para o governo estadual, que não concede reajuste linear ao
funcionalismo há quatro anos. “O trabalhador brasileiro vive o pior momento
desde a redemocratização”, pontuou alguém, sintetizando o pensamento geral.
Meses atrás
eventos do gênero eram impensáveis. O êxtase grosseiro dos entusiastas do novo
regime intimidou muita gente, que se recolheu, na defensiva. Mas, à medida que
o descalabro vai ficando mais evidente, percebe-se o movimento oposto:
eleitores do novo regime, arredios, estão se calando, constatando o equívoco; e
as vozes que galvanizam a insatisfação vêm se tornando mais audíveis.
A
incompetência de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e sua trupe está oferecendo o fôlego
necessário para que a oposição comece a se rearticular. Obviamente, o clima
ainda é favorável aos poderosos de plantão, mas à medida que o tempo vai
passando – e percebe-se que, de lá, não virá nada além de ódio, cisão,
perseguição e muitos clichês – a margem de manobra vai se reduzindo.
Os próximos passos preveem greve geral em junho.
Caso o movimento seja robusto, será um elemento de pressão a mais sobre o
descalabro que emergiu das urnas em outubro.
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