Pular para o conteúdo principal

Mais de 830 óbitos suspeitos ou confirmados de Covid-19 em Feira

 

Enquanto a vacinação contra a Covid-19 na Feira de Santana avança a conta-gotas, a doença não dá trégua e segue matando feirenses. Desde o começo da pandemia, em março de 2020, já são 835 registros de mortes suspeitas ou confirmadas, decorrentes do novo coronavírus no município. As informações são do Centro de Informações de Registro Civil – CRC Nacional e estão disponíveis no endereço https://transparencia.registrocivil.org.br/especial-covid.  Quem quiser mais detalhes, basta acessar o site e fazer a consulta.

Já mencionamos que os últimos meses tem sido os mais mortíferos. A situação não está sendo diferente em maio: até hoje (26) são 83 óbitos de casos suspeitos ou confirmados. É pouco menos que em abril, quando houve 96 registros. Só que ainda faltam cinco dias para o fim do mês. O recorde, por enquanto, permanece com março, com 111 ocorrências.

Provavelmente ainda na primeira quinzena de junho mais um triste recorde será quebrado: até aqui, em 2021, já são 398 mortes; ano passado foram 437 óbitos suspeitos ou confirmados de Covid-19. Noutras palavras: em pouco mais de cinco meses, haverá mais mortes que em nove meses do ano passado, quando a pandemia começou. Basta que o ritmo atual de óbitos seja mantido.

É bom ressaltar que os dados do Centro de Informações de Registro Civil são das datas em que os óbitos foram, efetivamente, registrados. Embora nem todos os casos estejam confirmados, não se pode alegar que sejam informações antigas. Afinal, há aí, na praça, outro indicador bem contundente: os leitos de UTI nas redes pública e privada para a Covid-19 estão com lotação que beira os 100%. Os números não são, portanto, fotografia antiga, mas filme bem atual.

Mesmo assim, a Feira de Santana segue ampliando a reabertura. Os ônibus circulam superlotados, os terminais vivem apinhados nos horários de pico e bares, restaurantes, igrejas, lojas, academias, agências bancárias, em muitos casos, vivem cheios ou não respeitam as regras de distanciamento ou de higiene, como o uso de máscara. Em qualquer passeio despretensioso é possível constatar isso. Só não vê quem não quer.

Quem ouve as autoridades, porém, fica com a sensação que a contaminação só se dá nos “paredões” clandestinos ou quando o cidadão – individualmente – não usa a máscara. Aí é taxado de descuidado e irresponsável. Talvez, em parte, o clima de “liberou geral” o incentive, estimule o relaxamento. É uma explicação bem plausível.

Sei que é enfadonho, mas não custa repetir: sem vacinação em massa as mortes não vão cessar, nem a economia vai se recuperar. Assim, o calvário se arrasta, indefinidamente, pois sem imunização o cidadão sensato não fica pela rua, nem consome. Uma espiral viciosa que só os acólitos de Jair Bolsonaro, o “mito” – reconhecidamente pouco inteligentes – não conseguem enxergar.

Mas, apesar de tudo, a lua cheia despontou há pouco na Feira de Santana – imensa, misteriosa bela – com aquela coloração avermelhada que aos poucos se desfaz.  Bom vê-la, sobretudo para não perder a esperança de que estes tempos tormentosos um dia acabarão...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada fei...

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da...

O futuro das feiras-livres

Os rumos das atividades comerciais são ditados pelos hábitos dos consumidores. A constatação, que é óbvia, se aplica até mesmo aos gêneros de primeira necessidade, como os alimentos. As mudanças no comportamento dos indivíduos favorecem o surgimento de novas atividades comerciais, assim como põem em xeque antigas estratégias de comercialização. A maioria dessas mudanças, porém, ocorre de forma lenta, diluindo a percepção sobre a profundidade e a extensão. Atualmente, por exemplo, vivemos a prolongada transição que tirou as feiras-livres do centro das atividades comerciais. A origem das feiras-livres como estratégia de comercialização surgiu na Idade Média, quando as cidades começavam a florescer. Algumas das maiores cidades européias modernas são frutos das feiras que se organizavam com o propósito de permitir que produtores de distintas localidades comercializassem seus produtos. As distâncias, as dificuldades de locomoção e a intermitência das safras exigiam uma solução que as feiras...