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Feirense já espera novo “banho de asfalto”

 

Pouco antes das eleições de 2020 parte da Feira de Santana recebeu um “banho de asfalto”. Vias que não sofriam qualquer intervenção havia tempos foram tomadas pelo barulho de máquinas, pelos gritos e agitação dos trabalhadores, pelo cheiro marcante do betume. Tornaram-se, enfim, transitáveis, cessando os tormentos que afligiam os motoristas. Sobretudo de quem circula mais, como os taxistas, os motoristas que percorrem a cidade fazendo entrega ou os incontáveis motoristas por aplicativo.

No primeiro trimestre as chuvas escassearam. No dia 19 de março – data consagrada a São José – viu-se só um chuvisco miúdo, muito tímido. O verão foi embora sem as afamadas águas de março na Feira de Santana. Mas, na segunda quinzena de abril, elas voltaram a cair com abundância. Para quem labuta no campo, uma benção; para quem percorre a malha urbana da Princesa do Sertão, uma provação.

Nem as principais artérias feirenses escaparam dos buracos – verdadeiras crateras, em alguns casos – que estão se multiplicando. Na Maria Quitéria, na Voluntários da Pátria, na Intendente Abdon, na Avenida de Canal – enfim, a lista é grande – os transtornos são visíveis. A alegação, como sempre, é que as chuvas foram caudalosas, acima da média, verdadeiros dilúvios. É verdade.

Mas em outros lugares chove muito mais e a malha viária permanece mais conservada. É o caso, por exemplo, de Salvador. Lá, a estação das chuvas se estende de meados de março até junho, com mortificante regularidade. Mesmo assim, não se veem crateras, valetas ou os populares “caldeirões” retardando o trânsito nas principais vias.

O que desalenta o feirense é que as referências para os “banhos de asfalto” estão distantes. Nova eleição só em meados do ano que vem, no fim de 2022. As chuvas, por sua vez, devem se estender até o fim do inverno, o que costuma justificar a inércia até lá. Enquanto isso, o cidadão vai ter que se aguentar com as crateras, os congestionamentos, o trânsito lento. A não ser, claro, que surja aí uma agradável surpresa.

Mas, em alguma medida, quem vive na cidade é até felizardo. Quem mora na zona rural enfrenta problemas muito maiores. Por um lado, o inverno – para o sertanejo, os períodos chuvosos são sempre inverno – traz a promessa de fartura; por outro, torna as precárias vias da zona rural intransitáveis. Por lá, desde sempre, são comuns as manifestações, os protestos, as reivindicações por vias minimamente transitáveis.

Aperreado, o feirense tem que esperar o fim das chuvas, as próximas eleições, um milagre qualquer, desses que se anunciam na televisão durante as madrugadas. Afinal, por aqui, os “banhos de asfalto” costumam vir só muito depois das chuvas...

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