Algumas
informações referentes ao Censo 2010 na Feira de Santana vem sendo divulgadas
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e sinalizam para
intervenções necessárias para elevar a qualidade de vida da população. Algumas
inferências são quase intuitivas e, a rigor, não trazem grandes novidades, à
exceção da quantificação do tamanho de determinados problemas. É o caso, por
exemplo, da correlação que existe entre nível educacional e renda: numa cidade
com 38 mil analfabetos em 2010 e baixa escolaridade, a renda média domiciliar
não passava de R$ 514 em 2010. Algo bastante previsível, diga-se de passagem.
O Censo, no
entanto, ajudou a evidenciar determinados problemas enfrentados pelos
feirenses. É o caso da desigualdade na distribuição de rendimentos entre homens
e mulheres: enquanto o rendimento médio masculino alcançava R$ 550, o feminino
não ia além dos R$ 510, em valores do ano de 2010.
As tão
comentadas desigualdades verificadas em âmbito nacional se perpetuam na Feira
de Santana: o rendimento médio do branco alcançava, por exemplo, R$ 1.421; o
negro recebia, em média, menos da metade desse valor: R$ 694; os pardos, por
sua vez, tinham rendimento um pouco mais elevado, alcançando R$ 888.
Esses números
significam que a diferença de renda entre um branco e um negro atinge 2,1;
entre um branco e um pardo 1,6; e entre os pardos e os negros essa diferença
para 0,8, em prejuízo dos últimos.
Pobreza
As
desigualdades na distribuição de rendimentos nos quesitos cor e gênero,
obviamente, se refletem sobre a condição de pobreza. Na Feira de Santana, 44,7%
da população possuía, em 2010, rendimento per
capita inferior a meio salário-mínimo, ou R$ 255. E 17,2% das famílias
tinham rendimento per capita de R$
127,50, o que correspondia a um quarto do salário-mínimo. Em situação de
extrema penúria estavam 5,3% dos feirenses, com rendimento que não ultrapassava
os R$ 70 mensais.
É até
desnecessário apontar que os negros e, em menor escala, os pardos, são os
principais integrantes desse contingente que enfrenta condições de
sobrevivência extremamente perversas. Essa enorme vulnerabilidade, a propósito,
ocorre apesar dos programas de transferência de renda do governo federal.
Quando se
considera a população rural, no entanto, a situação é ainda mais dramática:
71,9% das famílias tem renda por pessoa inferior a meio salário-mínimo; 34,9%,
pos sua vez, tem rendimentos inferiores a um quarto de salário-mínimo e
espantosos 13,4% vivem com renda inferior a R$ 70.
Seca
Conforme os
dados já indicados, os números se referem a 2010. Em 2012 a situação dramática na
zona rural tende a se acentuar, já que uma seca avassaladora dizimou os
cultivos e ameaça estender-se até 2013, causando prejuízos difíceis de estimar.
São necessárias, portanto, ações urgentes para reduzir os efeitos da estiagem
sobre a população rural feirense.
A Feira de
Santana é essencialmente urbana, mas conta com uma população rural
significativa: são 42,9 mil pessoas. Isso significa que esse contingente de
pessoas só não é maior que a população total de 51 municípios baianos. Em
outras palavras, o total de feirenses que reside na zona rural é maior que a
população total de 366 municípios da Bahia.
A pobreza
rural na Feira de Santana, no entanto, não é um problema passageiro que se deve
à estiagem prolongada de 2012. Trata-se de uma questão estrutural, que só se
modifica com políticas públicas também estruturais, que ajudem a elevar os
níveis de educação e viabilizem o engajamento da população em atividades
produtivas.
Como nós, cidadãos, podemos ajudar a mudar essa realidade?
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