Nas
últimas duas semanas algumas das principais cidades brasileiras mergulharam no
caos com uma onda de greves no transporte público. Em São Paulo, mais de quatro
milhões de paulistanos enfrentaram dificuldades para chegar ao trabalho com a
paralisação no metrô; em Salvador, os sindicalistas atropelaram uma
determinação judicial e mantiveram 100% dos ônibus nas garagens, o que
praticamente inviabilizou a locomoção dos soteropolitanos numa cidade
habitualmente marcada por problemas de mobilidade e que, sequer, dispõe de um
metrô calça-curta de meia-dúzia de quilômetros.
As
greves, muito bem orquestradas para os padrões tradicionais, levantaram a
suspeita que a classe patronal associou-se aos rodoviários para instituir um
jogo de ganha-ganha: os rodoviários recebem aumento salarial, os sindicalistas
se cacifam para as eleições municipais e os patrões abocanham um suculento
reajuste apontando as inevitáveis dificuldades de caixa.
Mas, como dinheiro não nasce em árvore, quem
paga a conta é o trabalhador que precisa recorrer ao precário sistema público
de transportes. Paga a conta e não recebe, em contrapartida, serviços
minimamente satisfatórios. Em Salvador, o plano já está na fase dois: o
sindicato patronal, de imediato, já requisitou reajuste, apesar do péssimo
serviço prestado à população.
A
fase três é a concordância do prefeito em conceder o reajuste. Em Salvador,
aparentemente, o prefeito não terá nenhum problema em atender os patrões do
transporte: não é candidato à reeleição, faz uma péssima gestão e, lá adiante,
larga o posto e conta com a memória curta da população para retornar à cena
eleitoral em 2014. Tudo sinaliza que a greve tão bem orquestrada busca forçar
um reajuste em pleno período de eleição, quando os alcaides temem a
impopularidade decorrente do bote no bolso do povo.
E em Feira?
O
quadro de caos no transporte urbano brasileiro indica que é necessário buscar
alternativas. Até São Paulo – vendida como exemplo de excelência administrativa
pela imprensa simpática ao demo-tucanismo – ganhou as manchetes nos últimos
tempos de maneira pouco elogiosa: acidentes, atrasos, greves e superlotações,
além da demora, estão incorporados à rotina dos paulistanos.
Feira
de Santana não pode permanecer à margem dessas discussões: não houve greve em
2012 porque a prefeitura se antecipou atendendo ao sindicato patronal com o
aumento do preço da passagem, mas muitos problemas existentes nas grandes
cidades também estão presentes por aqui.
Sabe-se
que o sistema integrado de transportes funciona mal e precariamente, os
veículos são velhos, sujos e mal-conservados, os passageiros mofam nos pontos –
principalmente nos finais de semana – e os roteiros estabelecidos contribuem
para os crescentes engarrafamentos no centro da cidade.
Dado
o status de Região Metropolitana recém-adquirido pela Feira de Santana, é
imprescindível repensar o sistema de transportes que se tornou obsoleto há
anos. Sobretudo porque o valor da tarifa – R$ 2,50 – aproxima-se dos preços
cobrados pelas grandes capitais, mas os serviços prestados estão muito
distantes do que seria minimamente aceitável.
Comentários
Postar um comentário