Pular para o conteúdo principal

Valor do Bolsa Família cai 56% em quatro anos em Feira

Em dezembro, o valor repassado pelo Governo Federal aos beneficiários do programa Bolsa Família na Feira de Santana alcançou R$ 4,088 milhões. É o valor mais baixo desde agosto de 2009, quando os feirenses contemplados pelo programa receberam, no total, R$ 3,949 milhões. Corrigido, esse valor de então alcançaria R$ 6,3 milhões em dezembro passado. Os números são oficiais, divulgados no balanço mensal do programa Brasil sem Miséria, no site do antigo Ministério do Desenvolvimento Social.
O número de beneficiários do programa no município também segue em queda: no mês passado, eram apenas 34.045 famílias atendidas. Em dezembro do ano anterior – já em plena crise econômica – o número alcançava 41,3 mil famílias. Isso significa sete mil famílias a menos – ou quase 30 mil pessoas – público superior à população de centenas de municípios baianos.
Em março de 2013 os repasses alcançaram o auge: R$ 7,080 milhões. Em valores atuais, esse montante representa R$ 9,1 milhões. Em outras palavras, em menos de quatro anos, o valor repassado pelo Bolsa Família em Feira de Santana caiu, em termos reais, cerca de 56%.
A redução dos valores reais reflete a queda na população atendida pelo programa.  Segundo o levantamento do Brasil sem Miséria, o auge no volume de beneficiários ocorreu em abril de 2012: 51,5 mil famílias. Hoje, o número só não é inferior àquele observado em maio de 2006: 33,8 mil famílias. No mês seguinte, junho, à época, a soma já ultrapassava 40,3 mil.

Comemoração

A redução soa estranha: ocorre justamente quando 12,4 mil empregos foram extintos na Feira de Santana, no contexto da severa crise econômica que eclodiu no País em meados de 2014. Mais desemprego e menos renda elevam, logicamente, a exposição dos trabalhadores à pobreza e à miséria. Nesse contexto, a necessidade de benefícios sociais se eleva, e não o contrário.
O cenário na Bahia também mostra declínio, mas muito mais suave. O total de famílias beneficiárias, por exemplo, que alcançou 1,835 milhão em fevereiro do ano passado, declinou para 1,772 milhão em dezembro. O patamar atual é próximo ao de 2013, o que evidencia a queda bem menos acentuada.
Os repasses na Bahia, ao contrário, se elevaram a partir do reajuste do ano passado: tinham declinado para R$ 297,5 milhões em junho, mas avançaram para R$ 327,7 milhões em novembro de 2016. Houve a festejada queda no total de famílias, mas o valor subiu em função do aumento concedido pelo atual governo.
A pobreza e a miséria estão se agravando novamente na Feira de Santana. Basta circular pelas ruas da cidade para enxergar os pedintes andrajosos, a informalidade precária, os feirenses aperreados com o desemprego. Seria ótimo se o País estivesse evoluindo e a dependência dos benefícios sociais caísse. Não é, no entanto, o que está acontecendo. Dessa forma, o suporte das políticas de transferência de renda segue essencial.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada fei...

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da...

O futuro das feiras-livres

Os rumos das atividades comerciais são ditados pelos hábitos dos consumidores. A constatação, que é óbvia, se aplica até mesmo aos gêneros de primeira necessidade, como os alimentos. As mudanças no comportamento dos indivíduos favorecem o surgimento de novas atividades comerciais, assim como põem em xeque antigas estratégias de comercialização. A maioria dessas mudanças, porém, ocorre de forma lenta, diluindo a percepção sobre a profundidade e a extensão. Atualmente, por exemplo, vivemos a prolongada transição que tirou as feiras-livres do centro das atividades comerciais. A origem das feiras-livres como estratégia de comercialização surgiu na Idade Média, quando as cidades começavam a florescer. Algumas das maiores cidades européias modernas são frutos das feiras que se organizavam com o propósito de permitir que produtores de distintas localidades comercializassem seus produtos. As distâncias, as dificuldades de locomoção e a intermitência das safras exigiam uma solução que as feiras...