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Tarifas de ônibus sobem mais que a inflação

O feirense vai atravessar o janeiro escaldante precisando desembolsar bem mais para utilizar o serviço de transporte público no município. A partir dessa quarta-feira (18) os valores passam a R$ 3,65 (para quem paga em dinheiro) e R$ 3,32 (para quem utiliza o cartão Via Feira). O reajuste está bem acima da inflação anual apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 6,29% ao longo dos 12 meses do ano passado.
Quem paga em dinheiro se deu mais mal ainda: o valor era de R$ 3,30 e saltou para R$ 3,65, conforme mencionado. Nada menos que 10,6% de aumento. O pior é que, em outubro, já tinha havido reajuste: passou de R$ 3,10 para R$ 3,30 (ou 17,74% de majoração em apenas três meses). Os que utilizam o cartão também foram penalizados, com o aumento de 7,09%, de R$ 3,10 para R$ 3,32.
O trabalhador feirense ganha pouco: dados de 2010 do IBGE, corrigidos pelo IPCA, indicam que a renda média de quem está no mercado formal é de R$ 1.440; já os informais recebem bem menos: apenas R$ 847. Desconsiderando, claro, o achatamento decorrente da crise econômica em andamento. É muito pouco para arcar com tarifa tão elevada.
Vá lá que segurar reajuste é difícil, sobretudo a partir da elevação dos preços dos combustíveis e, dentro em breve, dos salários dos rodoviários. A questão é que as tarifas vêm subindo muito acima da inflação, sem a oferta de serviços compatíveis com as necessidades da população.

Transporte clandestino

Recentemente houve licitação e ônibus novos circulam pelas ruas, mas esperas nos pontos costumam ser prolongadas, sobretudo para bairros periféricos. As queixas da população são constantes, mas, até aqui, nada mudou. Quem trabalha, estuda ou tem compromisso com horário marcado, pena para não se atrasar. Isso sob o habitual sol escaldante.
Não é à toa que o transporte clandestino encontra tanta demanda. Quem se aventura num ponto qualquer logo é convidado, aos berros, para embarcar num desses “ligeirinhos”. A perspectiva de um deslocamento rápido atrai muitos interessados. Basta observar em boa parte dos pontos da cidade.
Outra opção é a infinidade de mototaxistas, legalizados ou não. A crise e o desemprego empurraram muitos jovens – e gente de meia-idade – para a aventura do transporte alternativo, já que o emprego anda escasso. As prolongadas esperas estimulam os feirenses a recorrer a essas opções, apesar dos apelos em cartazes para que utilize o sistema regular.
Os reajustes sistemáticos tendem a afugentar os passageiros, o que repercute sobre o faturamento das empresas. Aí, começam as pressões por mais aumentos, num infindável círculo vicioso, cujo desdobramento mais visível é a precarização dos serviços e as intermináveis esperas que atormentam os feirenses.

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