Ano que vem
completam-se 20 anos que José Ronaldo de Carvalho (DEM) foi eleito prefeito da
Feira de Santana pela primeira vez. Foram quatro vitórias sem grandes
embaraços: todas as aconteceram no primeiro turno, com expressiva vantagem
sobre os concorrentes. Isso em 2000 e 2004 – na primeira sequência de dois
mandatos – e em 2012 e 2016, noutra sequência de dois mandatos. De quebra,
elegeu Tarcízio Pimenta, então no DEM, também no primeiro turno, em 2008.
Nenhum
grande município brasileiro ostenta hegemonia tão longa de um único partido.
Mais ainda: na prática, de uma única liderança política. Afinal, em 2008,
Tarcízio Pimenta se elegeu com o bordão do “terceiro mandato”, o que apenas
reforçou o papel do ex-prefeito como grande fiador daquele pleito. Embora
popular, dificilmente o então deputado estadual prevaleceria nas urnas com
tanta facilidade.
O total de
votos e o percentual no universo de votos válidos do ex-prefeito vêm crescendo.
Em 2000 – quando se habilitava para suceder o controverso prefeito Clailton
Mascarenhas – José Ronaldo prevaleceu com 61,4% dos votos válidos. Foram, no
total, 126.230 sufrágios. Naquela época, o cenário era amplamente favorável:
Paulo Souto (PFL) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) conduziam, em Salvador e
Brasília, governos alinhados com o seu grupo político.
Em 2004,
nova vitória na disputa pela reeleição, sem maiores dificuldades: o percentual
de votos válidos saltou para 68,49%, com 170.162 votos. Paulo Souto (PFL) se
reelegera logo no primeiro turno em 2002, mas, no cenário nacional, a condução
era do Partido dos Trabalhadores (PT), com Lula eleito presidente da República.
Um adversário político, portanto.
Vitórias em sequência
O pleito
mais arriscado foi justamente o de 2008, quando Tarcízio Pimenta concorreu pleiteando
um “terceiro mandato” para sinalizar a identidade com o popular ex-prefeito que
deixava o cargo. Prevaleceu no primeiro turno: 54,05% do total de válidos, com
148.448 votos. Colbert Martins (PMDB) e
Sérgio Carneiro (PT) ensaiaram algum fôlego, mas ficaram pelo caminho. O
desafio foi ainda maior porque a União e o Estado estavam, então, sob o
controle do PT.
Quatro anos
depois as desavenças entre José Ronaldo e Tarcízio Pimenta vieram à tona. E o
ex-prefeito resolveu tentar um terceiro mandato, agora de fato. Prevaleceu sem
maiores percalços: amealhou 66,04% dos votos válidos e cravou quase 200 mil
votos: 195.967. Naquele momento, o petismo vivia o seu auge, mas mesmo assim o
candidato se impôs, obtendo mais uma vitória maiúscula.
Talvez a
vitória mais tranquila da série tenha ocorrido há quatro anos, em 2016. Foram
212.408 votos e 71,12% dos votos válidos, números espantosos para uma cidade do
porte da Feira de Santana. Foi ano de intensas turbulências políticas, com a
deposição de Dilma Rousseff (PT), a ascensão de Michel Temer (MDB) e uma
intensa ojeriza às legendas de esquerda.
Cenário ímpar
Ano passado
José Ronaldo renunciou para disputar o governo da Bahia. Perdeu, mas assegurou
uma vitória simbólica aqui na Feira de Santana, batendo o petista Rui Costa,
candidato à reeleição, por 147,5 mil a 133,5 mil. Ninguém duvida, portanto, que
ele segue como o grande fiador das eleições de 2020 no município. Apesar do
petismo permanecer no poder na Bahia, em Brasília a legenda deixou de dar as
cartas, o que dilui o poder e o peso da
máquina pública nas demais instâncias. Em tese, o cenário é mais favorável.
Há quem
aponte o desgaste natural da prolongada permanência no poder. Isso, porém, não
se refletiu ainda nos resultados eleitorais. Tanto que a votação do ex-prefeito
é crescente ao longo do tempo e não o contrário. Obviamente, cada eleição tem
uma história própria, mas o passado sempre ajuda a entender o presente e a antecipar
o futuro.
No momento, porém,
seu candidato permanece como favorito, até porque não há nenhuma novidade
eleitoral no horizonte: os nomes são os mesmos das eleições anteriores. Quem se
insinua tende a recuar mais adiante, como sempre acontece.
Movidos a novidade, os incontáveis analistas
políticos feirenses forjaram uma dúvida, só para emprestar alguma emoção ao
pleito que se aproxima: José Ronaldo vai apoiar mesmo a reeleição de Colbert Martins
para a prefeitura?
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