Em 2016, no auge
da crise econômica cujos efeitos ainda se fazem sentir no Brasil, o trabalhador
recebia, em média, dois salários mínimos aqui na Feira de Santana. Naquele ano,
o mínimo equivalia a R$ 880. Ou seja: a remuneração média alcançava R$ 1.760.
Não era muito em relação à realidade do País: no ranking elaborado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, o município fica na
longínqua 1.807ª posição, bem distante de diversos municípios menores e mais
dinâmicos no Sul e no Sudeste.
Mas, mesmo
aqui na Bahia, a posição não era das mais animadoras: no estado, a Feira de
Santana fica em um modesto 59º lugar. Aliás, mesmo na microrregião, não
conseguimos garantir o protagonismo: a Princesa do Sertão fica apenas em
terceiro lugar. Isso significa que,
apesar da pujança econômica do município, a ocupação do feirense remunera menos
e ele, provavelmente, é menos qualificado que os trabalhadores de cidades do
mesmo porte.
Isso fica
mais claro quando se analisa o conjunto dos trabalhadores da Feira de Santana.
Segundo o IBGE, em 2016 havia exatas 132.099 pessoas integrando esse
contingente. É o maior número aqui na região e, em termos de Bahia, só perde
para Salvador, a capital. No Brasil, também ocupa posição de destaque: é o 51º
maior contingente.
O número
corresponde a 21,2% da população feirense, conforme estima o instituto. Esse
quesito também reforça a sensação de que o trabalhador local, relativamente,
ganha pouco, quando se comparam os itens. Afinal, percentualmente, temos a
segunda maior proporção da microrregião, ocupamos a 14ª posição no estado e, no
Brasil, ficamos distantes – 1.136º lugar – mas, mesmo assim, mais bem situados
que em relação ao salário médio.
Pobreza
Há mais um
item que reforça o distanciamento entre o tamanho do mercado de trabalho e o
rendimento médio: a renda per capita,
embora esta, evidentemente, possa envolver ganhos que vão além da remuneração
do trabalho. Na Feira de Santana, 38,7% da população sobrevivia com o
equivalente a até meio salário mínimo (R$ 440) per capita até três anos atrás.
Na
microrregião, a Feira de Santana obteve a melhor posição entre os 24
municípios, segundo o IBGE. No estado, somente 10 dos 417 municípios ostentavam
condição mais favorável. E, no País, a Princesa do Sertão cravou a posição
2.913 entre os 5.570 municípios brasileiros.
Os números
indicam que a Feira de Santana ostenta uma posição intermediária mais por sua
importância econômica que, propriamente, pelas condições satisfatórias
desfrutadas por seus trabalhadores. Nota-se, aqui, a oferta de maiores
oportunidades de trabalho, mas sem a mesma qualidade de outros lugares.
Conforme apontado acima, em parte, isso se deve à baixa qualificação da mão de
obra local.
Crise
Os números
são de três anos atrás, quando a crise se encaminhava para o auge. A questão é
que, de lá para cá, as condições de vida se deterioraram bastante, pois, apesar
do discreto crescimento da economia nos últimos dois anos, o mercado de
trabalho seguiu piorando, conforme atestam inúmeros levantamentos.
Essa piora é
facilmente constatável em qualquer passeio pelo centro da cidade e, também,
pelas ruas comerciais dos bairros feirenses, sobretudo os periféricos. Cresceu
muito a quantidade de pessoas que se aventuram como camelôs ou ambulantes,
tentando garantir o trocado para as despesas domésticas. É evidente que a remuneração
média dessas pessoas tendeu a puxar a média local para baixo.
É evidente também que, aqui, se sinaliza para
uma tendência, que vai se confirmar – ou não – nos próximos levantamentos. Sob
certos aspectos, isso nem é o mais lastimável. O pior é perceber que, no País, sequer
se discutem alternativas para se sair desse cenário funesto no médio prazo.
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