Desde
janeiro que a vida dos humoristas ficou mais difícil. É que os governantes de
plantão falam e fazem tanta besteira que concorrer com eles ficou complicado.
Autores como Stanislaw Ponte Preta – pseudônimo do brilhante jornalista Sérgio
Porto – e seu inesquecível “Festival de Besteiras que Assola o País”, o Febeapá,
precisariam se esforçar muito mais, mesmo dispondo de talento indiscutível. Uma
das mais prolíficas fontes de bobagens é – quem diria – o Ministério da
Educação.
Um obscuro
professor colombiano, indicado por um ex-astrólogo, teria poucas probabilidades
de sucesso, mesmo sob o governo que está aí. Não deu outra: apenas três meses
depois da posse, sai quase escorraçado. Esse intervalo de 90 dias de gestão foi
suficiente para caudalosas páginas, dignas de um “Febeapá”. Chamar brasileiros
que viajam de gatunos e negar a existência de uma ditadura militar que durou 21
anos figuram como exemplos.
Apesar do tom
moderado no discurso de posse, o sucessor desperta pouco otimismo: para
começar, é acólito do ex-astrólogo que foi entronizado como “guru” do novo
governo. Meses atrás, mostrava-se um adepto entusiasmado dos caça-fantasmas, já
que se dispunha a combater, no meio acadêmico, algo que alguns desvairados
classificam como “marxismo cultural”.
Segundo o
noticiário, o novo ministro – Abraham Weintraub é o nome dele – fez carreira no
mercado financeiro. Só mais recentemente ingressou nos quadros de uma
universidade federal em São Paulo. Criticam-no pela pouca experiência no setor.
Mas, mesmo assim, foi alçado por Jair Bolsonaro (PSL-RJ) ao cargo, após o
diagnóstico de que vinha faltando “gestão”.
Desde
janeiro que uma fauna variada – ideólogos de extrema-direita, militares, religiosos
militantes – se engalfinha na Educação. Disputam, com vigorosas dentadas –
metafóricas até aqui –, cada naco de poder. E qual a causa da batalha? Da parte de muitos,
coisa pouco nobre, como distorcer a História em relação ao golpe militar ou
cercear o trabalho dos professores em sala de aula.
Se o projeto
dessa gente é instituir por aqui um regime semelhante àquilo que o Talibã impôs
ao Afeganistão ou que o Estado Islâmico infundiu em regiões da Síria e do
Iraque, tudo bem: estão, sem dúvida, no caminho certo. Quem discorda e deseja
que se preserve pelo menos um pálido arremedo de civilidade está preocupado e
tem motivos para estar. Afinal, o que se sinaliza para o horizonte da educação
é esse obscurantismo.
Não vai ser a mudança de ministro que provocará uma
guinada. O novo ocupante da pasta bebe da mesma fonte ideológica e, no passado,
expôs ideias semelhantes às de seu antecessor. Resta aguardar pelas próximas
barbaridades que, com certeza, virão. Afinal, há aí o quixotesco desafio do
“marxismo cultural” para se combater...
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