É bom porque, para quem mora na
cidade, atenua o calor sufocante; para quem reside no campo são os primeiros
sinais de que chegou o momento de plantar; e também começa a se formar uma
reconfortante reserva hídrica, que pelo menos garante água para os animais.
Os raios no céu feirense,
porém, não são nada perto da tempestade política que estacionou em Brasília desde
o janeiro escaldante. É claro que os meteorologistas políticos já previam o mau
tempo desde o ano passado, quando as nuvens densas, pesadas, encardidas,
avançaram a partir do horizonte eleitoral. O que ninguém esperava era que a
tempestade – que já ameaça com o naufrágio do País – fosse acontecer tão
rápido.
Era previsível que, no poder, a
extrema-direita carbonária não conseguisse avançar tanto com sua pauta obscurantista,
nem com sua agenda econômica coalhada de retrocessos. A escalada da incompetência,
porém, assusta até os mais entusiastas acólitos do novo regime.
O ex-astrólogo autoproclamado
filósofo – o “guru da revolução”, conforme o saudaram – previu ruína em, no
máximo, um semestre, caso nada mude. E é um que jamais poderá ser acusado de comunismo...
Nem
precisa de oposição
Afora as tiradas demagógicas e
as patriotadas em mídias sociais – o modus
operandi desde a campanha eleitoral – há, praticamente, nada para mostrar.
E esse nada para mostrar nem precisa ser ação de governo, não: sequer uma
proposta concatenada, lançada no papel, há. O País navega conforme os humores das
tuitadas. Convenhamos: para as ambições da extrema-direita – que almejava
“consertar” o Brasil – é para lá de decepcionante.
A oposição, até aqui, nem teve
a necessidade de suar a camisa: tem bastado, sabiamente, deixar o barco correr,
porque o governo não tem rumo e tropeça em si mesmo. E olha que a oposição à
esquerda emergiu esfacelada das urnas, cindida por suas habituais desavenças.
Também nem precisa se esforçar: a incompetência que se vê é inédita desde que
Cabral aportou por aqui, em 1500.
Muita gente – inclusive aqueles
mais audaciosos – apostou que o naufrágio só começaria lá pelo segundo
semestre, depois de uns seis meses de “lua de mel”, conforme se convencionou
classificar o início de qualquer governo. Disciplinado, o ex-capitão e sua
trupe começaram a cavoucar o buraco do próprio governo logo nas primeiras horas
de mandato.
Nenhum brasileiro sensato,
porém, comemora essa desgraça: há um País necessitando de rumo, com 12 milhões
de desempregados, carecendo de urgente impulso econômico, com iniquidades
sociais que estão se avolumando e que não pode ficar esperando o fim da baderna,
digna de pátio de colégio.
Mas, por enquanto, é necessário esperar que a
farra de tuítes chegue ao fim para se começar a trabalhar. Caso isso, claro,
venha a acontecer...
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