A partir da
semana que vem a Feira de Santana ingressa em dois períodos consecutivos de
celebrações. O primeiro tem motivação sagrada: é a Semana Santa, época de
imensa importância para os católicos, período de jejum e recolhimento pelo
martírio de Jesus Cristo. Logo na sequência vem a Micareta, com todos os apelos
da tradicional celebração profana que anima o feirense há oito décadas. De
quebra, mais adiante, ainda tem o 1° de maio, dia do trabalho.
A Semana
Santa marca o final da Quaresma. No passado, era período que se atravessava com
respeito e reverência. À exceção dos católicos mais devotos, a data
incorporou-se à agenda festiva do brasileiro – e do baiano em especial – com
mesa farta, confraternizações familiares e generoso consumo de vinho. No
domingo, mastigam-se os ovos de chocolate na Páscoa, sacramentando a data
comercial das celebrações.
Logo depois
vem a Micareta. Graças ao fato do Carnaval este ano começar quase em março, a
maior festa popular da Feira de Santana ficou espremida no fim de abril, quase
no começo de maio, logo depois da Semana Santa. Praticamente não houve prazo
para aqueles eventos pré-micaretescos que animam o folião logo quando termina o
verão feirense.
Muita gente
costuma viajar nos dois períodos. Quem dispõe de quatro dias na Semana Santa e
mais quatro na Micareta não costuma titubear: encara uma dessas rodovias que
cortam a Feira de Santana e vai para praia – caso as chuvaradas de outono não
estejam sufocando o sol – para a Chapada Diamantina ou, para aqueles mais
afortunados, para a própria fazenda.
No passado a
Micareta mantinha mais gente na Feira de Santana. Havia toda uma programação
preliminar, com bailes nos antigos clubes sociais, que aqueciam o folião,
preparando-o para os quatro dias. Vinham artistas da tevê e, naqueles tempos,
os clubes sociais eram pujantes, promoviam eventos que rendiam fotos dias
consecutivos nos jornais locais.
Quem não
tinha acesso a essas badaladas festas curtia os “gritos de micareta”, na Avenida
Getúlio Vargas, nas ensolaradas tardes de domingo. Um trio mantinha a juventude
feirense entretida até o fim da noite. Quem ia dançava, bebia, namorava,
esbanjava juventude. É claro que, às vezes, saíam uns sopapos. Mas gangues e
facções eram notícias de terras longínquas que a maioria dos feirenses nunca
pisou.
É positiva a
notícia de que a Micareta, em 2019, vai voltar a ter programação diurna. Para
começar a resgatar a festa, a medida é imprescindível. Afinal, só assim para
atrair crianças, idosos e pessoas mais maduras que não frequentam festejos
noturnos. Ampliar a programação – sobretudo começando durante o dia – implica
em ampliar, também, o público interessado.
Noutros
tempos, a Micareta ia do sábado à terça-feira. Era um evento que mobilizava muito
o feirense. A mudança no calendário, na prática, encurtou bastante a folia: basicamente,
restam os dois dias do final de semana e as noites de quinta e sexta. Parte do
comércio sequer fecha nas manhãs de sábado. Há mais feriado no Carnaval – que
deixa a cidade deserta – que na própria Micareta.
De qualquer maneira, a Feira de Santana prepara-se
para ingressar em dois finais de semana festivos. Serão pausas curtas na árida
rotina do Brasil dos últimos tempos.
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