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A peleja das “tchutchucas” e dos “tigrões” na reforma da Previdência

Quem circula pelos corredores do Congresso Nacional afirma que a proposta, do jeito que foi apresentada, não passa. Será expurgada a capitalização, o corte no Benefício de Prestação Continuada (BPC), as regras mais rígidas para a aposentadoria rural e o aumento do tempo mínimo de contribuição, que penaliza os mais pobres. É o que comentam parlamentares e alguns profissionais da imprensa divulgam.
Caso isso se confirme, parte das danosas propostas que produzirão prejuízos permanentes sobre muitos brasileiros será atenuada. O fracasso será garantido, sobretudo, se o novo regime insistir na retórica salvacionista e patrioteira como único instrumento de convencimento. Ninguém duvide que o repertório de quem pretendia refundar o Brasil não passe disso.
O que mais chamou a atenção na audiência, porém, não foi só o triste espetáculo em si. Foi a constatação – reiterada – de que o intrépido Jair Bolsonaro (PSL-RJ) recrutou incompetentes e destemperados para o seu ministério. Muitos, pelo jeito, transitam nos dois grupos. Três, até aqui, vem se sobressaindo: Ricardo Rodriguez (Educação), Damares Alves (Cidadania) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).
Provocado, Guedes – o festejado Posto Ipiranga da campanha eleitoral – reagiu como frequentador de furdunço de gafieira. Quem acompanha o noticiário político brasileiro sabe que a compostura costuma ser a regra entre quem ocupa postos do gênero. Na audiência, antes da provocação, o ministro já vinha investindo contra os parlamentares. Mais um convencido da função messiânica do novo regime? Pelo jeito, sim.
Note-se que o quiproquó mencionado acima se refere àquilo que emergiu como mais nobre neste governo: a reforma da Previdência. Se não conseguem conservar a compostura em relação a esse tema, considerado tão relevante, imaginem em relação ao resto. E, diga-se de passagem, o resto não é grande coisa: perfumaria, obscurantismo, clichês, piadas rasteiras e delírios persecutórios.
Terra plana, nazismo de esquerda, negação da ditadura militar e golden shower figuram entre as bizarrices e excentricidades que ocupam o noticiário desde janeiro. Às vezes esses absurdos até provocam frouxos de riso, divertidas polêmicas nas mídias sociais, mas o momento do País é muito grave para se desperdiçar energia com essas barbaridades.
Pobreza crescente, desemprego alarmante, desmanche de serviços essenciais de saúde e educação, crise econômica e política entrelaçadas. E os ocupantes do Planalto perdendo tempo, enredados em suas miudezas, para perplexidade do cidadão que acompanha o noticiário...

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