Já
faz algum tempo que o feirense padece sob um calor insano. O dia, normalmente,
até começa com muitas nuvens no céu e uma brisa agradável. Mas às oito da manhã
o sol já esquenta rijo, apressando o passo de quem sai para suas ocupações. A
partir daí torna-se implacável: à medida que se encaminha para o centro do céu
as sombras encurtam, espantando quem está pelas ruas.
Diversos
termômetros espalhados pela cidade sinalizam que, nesses dias, das dez em
diante, atingimos facilmente os 35 graus. Aí a temperatura só começa a declinar
das três da tarde em diante. Mas mesmo quando a luz do sol vai ganhando aqueles
tons alaranjados do final da tarde o calor ainda é intenso. E notem que o verão
nem começou. Pelo menos oficialmente.
Registros
indicam que, noutros tempos, a Feira de Santana era conhecida por seu clima
agradável. Arrimo de boiadas e boiadeiros, o antigo arraial tinha vastos
reservatórios de água superficial e a vegetação que combinava mata atlântica e
caatinga permanecia bem preservada, mesmo com presença da pecuária extensiva. A
área urbana se limitava a meia-dúzia de artérias.
A
implacável expansão urbana foi tangendo os limites da cidade para aqueles
morros azuis, distantes, limítrofes do rio Jacuípe; as lagoas, lentamente,
foram sendo aterradas: poucas escaparam das invasões e da especulação
imobiliária; e o concreto, o vidro, o asfalto e o metal erigiram uma lógica
urbana que revogou o verde.
Historicamente
a Feira de Santana nunca contou com um planejamento urbano adequado. Jamais se
pensou na oferta de parques e jardins, a exemplo do que existe em dezenas de
grandes e médias cidades brasileiras. As árvores que sobrevivem nas ruas e nas
praças são antigas e maltratadas. Assim, nos meses de estio, as temperaturas
elevadas fazem a cidade fervilhar.
Todos
os dias se repete, na tela das tevês, o espetáculo da previsão do tempo.
Gráficos, mapas e números desfilam diante dos olhos do telespectador. Para
completar, ainda há o didatismo performático da “moça do tempo”, embora já
existam marmanjos assumindo a função. Fartos em dados, esses quadros explicam
pouco o que vai acontecendo com o clima das cidades.
Dizem
que a tendência é de piora contínua: o mundo se aquece em função das intervenções
humanas e as populações das grandes cidades padecem com as temperaturas
elevadas. Caso essas previsões se confirmem no longo prazo, o Brasil
Setentrional – essa porção que abarca o Nordeste e o Norte – tende a ser mais
afetado pelas temperaturas elevadas.
Isoladamente, é difícil o
indivíduo reverter essas tendências. Mas alguns gestos podem ajudar a amenizar
a aspereza da vida nas cidades. Nesses tempos de temperaturas tórridas, plantar
uma árvore no quintal de casa ou nas calçadas espaçosas é uma boa ideia.
Precisamos de mais árvores aqui na Feira de Santana.
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