Mais um Natal se
aproxima e as perspectivas não são muito promissoras para os negócios, conforme
indica o noticiário. Tudo por conta da crise econômica que ainda se aprofunda e
à crise política que está longe de um desenlace definitivo. Faltam cerca de 40
dias e a tradicional decoração natalina – muito comum já em meados de outubro
nos anos de prosperidade, de consumismo desenfreado – ainda é tímida nas ruas.
Os pinheiros plásticos, a neve de algodão e o tradicional Papai Noel de barbas
brancas ainda são raros nas vitrines feirenses.
Ano passado a crise
tragou cerca de 6,5 mil empregos na Feira de Santana. Embora tenha perdido
ímpeto ao longo de 2016, os estragos seguem intensos, mesmo após o início do
governo de “salvação nacional” de Michel Temer (PMDB-SP). Com tanta gente fora
do mercado de trabalho, a perda de dinamismo no comércio é natural.
As agruras, porém,
não se esgotam com a redução no estoque de empregos formais. As recentes – e
intensas – oscilações na cotação do dólar, por exemplo, produzem efeitos reais
sobre a vida dos brasileiros, que podem ser constatados pelas ruas, com a
elevação dos preços dos produtos importados.
E, como se não
bastasse o calvário que o Brasil atravessa, com quiproquós políticos e
econômicos entrelaçados, surge agora a notícia da eleição de Donald Trump para
a presidência dos Estados Unidos. Imprevisível, o empresário lançará incertezas
que elevarão a cotação do dólar e, possivelmente, as taxas de juros nos
próximos meses.
Feiraguay
Essa conjuntura
adversa, certamente, vai produzir impactos sobre o comércio e os serviços na
Feira de Santana já a partir dos próximos dias. Com a elevação do dólar, por
exemplo, o efeito é reconhecidamente óbvio: à medida que a moeda americana se
valoriza, os preços dos produtos importados sobem, tornando-se mais caros para
os consumidores brasileiros.
No Feiraguay os
preços tendem a se elevar, com riscos de impactar sobre as compras natalinas. À
exceção, claro, daqueles comerciantes prudentes que já compuseram seus estoques
para o período, neutralizando o risco de elevação do valor da moeda
norte-americana. Quem comprar a partir daqui já vai experimentar o “efeito
Trump” sobre o câmbio.
Outrora fervilhante
meca dos consumidores da afamada classe C, o entreposto amarga resultados
desfavoráveis desde meados de 2014, quando o dólar começou a experimentar uma
elevação persistente. Desde então, as turbulências se intensificaram e
comerciantes estimam retração que supera os 30%, em alguns casos.
Sales
Barbosa e Senhor dos Passos
Embora menos exposto
aos humores do câmbio, o comércio tradicional da Feira de Santana também deve
vergar com o Natal mais magro de 2016. Afinal, as contratações temporárias para
o período ainda são tímidas, refletindo as expectativas negativas dos
empresários. Exatamente como ocorreu em 2015.
Além da ausência da
decoração – presente em todas as vitrines nos anos de prosperidade – a
publicidade natalina é muito discreta também. Com base na experiência do ano
passado, tudo sinaliza que só deve se intensificar quando o décimo-terceiro
salário começar a pingar na conta dos trabalhadores.
O que há de pior em relação ao ano passado é que
alguma poupança acumulada nos anos anteriores, de relativa prosperidade, já se
desfez, com o prolongamento da crise. Apostava-se que no fim desse ano se
enxergariam os primeiros sinais da retomada que, até aqui, não se confirmou.
Lançam-se as esperanças, portanto, para 2017.
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