Há
pouco mais de seis meses que o emedebismo assumiu a presidência da República,
após a rija rasteira aplicada no petismo de Lula e Dilma Rousseff. À época, as
raposas da legenda tentaram arejar o salto para o poder, emprestando-lhe um ar
de novidade, de esperança incipiente, quiçá de entusiasmo. Como se o novo
titular do posto – o controverso Michel Temer – representasse, efetivamente,
algo de novo. Depois das manobras sórdidas e da defenestração do petismo, vieram
os anúncios pomposos de “salvação nacional” e outros clichês.
Eufóricos na posse, os novos mandatários, logo
nos dias seguintes, anunciaram seus planos de redenção do Brasil. Reformas
trabalhista e da previdência, teto nos gastos públicos, terceirizações,
privatizações, concessões e tudo aquilo que – ainda que vagamente – se reporte
à economia de mercado ou ao liberalismo vulgar que o emedebismo abraçou com
sofreguidão logo após a posse.
As
palavras-chave do novíssimo regime eram austeridade, previsibilidade,
racionalidade. Sob a batuta do maestro Henrique Meirelles e com o aval de
Michel Temer os brasileiros tinham assegurada, a partir de então, a retomada do
crescimento econômico. Esse se retardaria apenas uns poucos meses, o suficiente
para as coisas se aprumarem. No máximo, em meados do ano os primeiros
resultados já seriam visíveis.
Pois
bem: o último trimestre de 2016 vai escoando e, até aqui, nenhum sinal da
propalada retomada. Pelo contrário: semana a semana analistas do mercado
apontam recessão mais forte para o ano que finda e, também, crescimento bem
mais modesto para 2017. A imprensa, engajada, já farejou dificuldades. E modera
no noticiário, depois do tom triunfante dos primeiros dias do novo regime.
Resultados
Passado
todo o frenesi, o emedebismo tem resultados modestos para apresentar. No
máximo, a PEC 241/55, que vai garrotear o povão nas próximas duas décadas.
Além, claro, de embaraços antológicos, como a medida provisória que pretende
reformar o ensino médio e diversas nomeações pra lá de controversas.
Funcionando a toda, só o velho balcão da fisiologia despudorada.
Polêmicas,
as medidas anunciadas como redentoras pelos cruzados emedebistas – a afamada
PEC dos Gastos e a controversa reforma da previdência – não surtirão efeito
imediato. Seus impactos tendem a se diluir ao longo dos anos. Para impulsionar
as atividades econômicas e retirar o País do atoleiro da crise, é necessário
mais.
O
problema é que falta ao emedebismo e à trupe que o cerca esse mais. Descontando
os já aludidos clichês liberais, faltam propostas que, combinadas, se articulem
como diretrizes de um plano. É espantoso, mas os “salvadores” do Brasil, na
expressão deles próprios, se mostram sem rumo: visivelmente não estão à altura
de debelar a recessão histórica que, eles mesmos, em consórcio com a gestão
Dilma Rousseff, ajudaram a provocar.
O
discurso de Michel Temer num evento recente foi bem ilustrativo: para ele, PEC
mais reforma da previdência serão suficientes para a festejada – e adiada –
retomada do crescimento. Ou o controverso mandatário cometeu um imperdoável
lapso, ou envereda pelo caminho errado, arrastando atrás de si o desespero de
milhões de brasileiros desempregados.
Pelo visto, até o epílogo
emedebista, atravessaremos um infindável calvário de 25 meses. Isso se o
mandatário não for apeado antes, conforme se cogita...
Comentários
Postar um comentário