Com a realização da Copa do Mundo de 2014 como fato consumado no Brasil – com Salvador tendendo a assumir a condição de uma das mais importantes cidades-sede, pelo seu conjunto de atrativos – é chegado o momento da Feira de Santana tentar beneficiar-se com a competição. A recente discussão acerca da reativação do aeroporto como alternativa para o deslocamento de torcedores é muito oportuna. Afinal, na prática o aeroporto feirense nunca funcionou: no máximo, aqui pousavam os governadores em visita ao município ou algum empresário em aeronave particular. No mais, seguiu sempre na condição de “elefante branco”.
Em texto anterior ressaltamos a necessidade da Bahia aproveitar a Copa do Mundo para consolidar-se como alternativa turística com um conjunto complementar de atrativos e – sobretudo – investir na população, qualificando-a e tornando permanentes os efeitos positivos de uma competição passageira, mas de grande visibilidade.
Feira de Santana encaixa-se no contexto à medida que a interiorização da competição coloca-se como uma meta do governo e o município apresenta significativas vantagens em relação aos concorrentes: é próxima à cidade-sede, possui um estádio (que precisa de reparos urgentes) e segmento de comércio e serviços desenvolvidos e que pode ser qualificado para a competição.
Note-se que a Bahia está se colocando como vitrine de alguns dos eventos esportivos mais importantes do mundo na década que se inicia: a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016 (Salvador sediará um dos grupos da competição de futebol) e, caso a Fonte Nova esteja pronta em 2013, a Copa das Confederações.
Interiorização
Assim, investimentos no aeroporto feirense, tornando-o apto a receber passageiros e cargas, podem romper com o ciclo vicioso enraizado na Bahia, no qual Salvador e seu entorno sempre tiveram prioridade em relação à Feira de Santana e ao interior, limitando as possibilidades de desenvolvimento local.
A concretização desse objetivo, porém, exige uma ampla articulação política e justificativas econômicas bem fundamentadas. Nesses anos todos, sempre houve muita lamentação, acusações de perseguição política, choro e ranger de dentes, mas nenhuma medida concreta.
Contudo, Feira de Santana necessita mais do que de propostas pontuais – um aeroporto ou a duplicação do Anel de Contorno –, de um projeto de desenvolvimento que vá além das medidas emergenciais, paliativas ou que buscam, simplesmente, projetar algum político. Para que isso se materialize, é necessária uma ampla e madura discussão sobre o que se deseja para o município nas próximas décadas.
Oportunidade
É urgente que a condição da Bahia de vitrine esportiva nos próximos anos seja aproveitada por Feira de Santana. A primeira possibilidade colocada é que o evento em si estimula a mobilização. A partir da mobilização, podem ser obtidas conquistas que se perpetuem, beneficiando também as futuras gerações.
Os deputados locais, por exemplo, devem assumir esse papel. Contudo, salvo as exceções de praxe, os representantes feirenses nos parlamentos vivem enfronhados em questões paroquiais e utilizam, como único critério de sua atuação, a destinação de emendas parlamentares para o município. É muito pouco para a Feira de Santana que precisa aproveitar as oportunidades postas por 2014, que está ali perto.
O aeroporto na Feira de Santana é muito válido, mesmo porque o município nunca o teve de fato operando. Contudo, a proposta precisa se associar a outras iniciativas que se cristalizem em condições para o desenvolvimento posterior. Principalmente investimentos em pessoas, que constituem o fundamento primordial de qualquer sociedade.
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