Basta andar
um pouco pela Feira de Santana para perceber como há placas de “aluga-se” e “vende-se”
à frente de estabelecimentos comerciais. Quase todos estão fechados. Desdobramento
da terrível crise econômica que assola o Brasil há quase cinco anos, essa
realidade já foi objeto de diversos comentários neste espaço. Até aqui, porém,
as análises se davam com base na intuição, sem um conjunto mais consistente de
informações. Dados recentes disponibilizados pela Superintendência de Estudos
Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) confirmam essa impressão.
Entre 2014 –
último ano do soluço de prosperidade – e 2017, terceiro ano do engasgo
econômico, o número de estabelecimentos comerciais na Feira de Santana caiu: passou
de 6,1 mil para 5,9 mil. Essa redução repercutiu sobre o mercado de trabalho: a
mão de obra empregada declinou, despencando de 40,2 mil para apenas 36,9 mil
postos formais ocupados.
Não houve
redução nominal no valor médio dos salários do setor. Ao contrário: este passou
de R$ 1.272,22 para R$ 1.512,75 entre 2014 e 2017. A explicação é simples:
apesar da crise, a recomposição do salário-mínimo – referência para boa parte
dos trabalhadores empregados no comércio – impulsionou os rendimentos para
cima. Não houve aumento real porque o Produto Interno Bruto, o PIB, caiu, mas o
valor nominal foi preservado.
A surpresa
favorável foi o setor de serviços: houve expansão na quantidade de
estabelecimentos e no volume de empregos, embora com variação muito discreta. O
número de estabelecimentos passou de 3,8 mil para 4 mil e a quantidade de empregos formais oscilou de
44,6 mil para 44,8 mil. A rigor, é quase estagnação, mas é necessário
considerar o contexto da feroz recessão. E, em alguma medida, até comemorar.
Os salários
médios também subiram, repetindo o fenômeno do comércio: de R$ 1.691,18 em 2014
para R$ 1.943,01 em 2017. A oscilação também se deve à política adotada para o
salário-mínimo, vigente até os estertores do ano passado, que combinava reposição
inflacionária com acréscimo percentual da expansão do PIB. O refresco, porém,
acabou: a partir daqui, só vão repor a inflação. E olhe lá.
Os dois
setores são fundamentais para a economia feirense na geração de postos formais
de trabalho: em 2014, 84,8 mil trabalhadores estavam vinculados aos dois
setores. Três anos depois, após o período mais agudo da crise econômica, o
número totalizava 81,7 mil empregos. Esses números correspondem a cerca de dois
terços do estoque de postos formais na Feira de Santana nos dois períodos.
Segundo dados oficiais, desde o ano passado o
PIB parou de cair, embora o mercado de trabalho esteja numa situação deplorável.
As incertezas políticas, porém, permanecem, com potencial de frustrar a aguardada
retomada e, por consequência, tornar o cenário mais difícil para quem trabalha.
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