Segue
o calvário dos moradores da zona rural da Feira de Santana em relação ao
transporte público. A novidade agora foi a suspensão dos ônibus que fazem linha
para os distritos e comunidades rurais feirenses. A prefeitura alegou, em nota,
que não foi avisada. Como fizeram uma manifestação ontem (05), defronte ao
Terminal Central – até causando aglomeração nesses tempos de pandemia – e foram
hoje (06) à Câmara Municipal e, de quebra, fizeram novo ato em frente à
prefeitura, os moradores destes distritos conseguiram visibilidade para sua
causa.
À
imprensa relataram que não foram previamente informados da lastimável novidade.
Só pela manhã souberam que vans e micro-ônibus fariam o transporte para a zona
urbana, substituindo os ônibus. Em quantidade insuficiente, óbvio. À noite,
promoveram a manifestação, que repercutiu de imediato.
Em
nota, a prefeitura alegou que não autorizou a medida adotada pelas empresas. Se
é assim, é inadmissível que as empresas façam o que querem, prejudicando a
população. Sobretudo em um momento em que a superlotação das vans – só não veem
a superlotação os negacionistas que estão tão em moda, contestando a realidade –
em tempos de pandemia de covid-19 tem amplo potencial genocida. O que, aliás, faz
sucesso entre os aloprados no Planalto Central.
Desta
vez, até os vereadores feirenses – sempre indiferentes ao sofrimento de quem
pena nos pontos de ônibus – resolveram se manifestar. Indignados, cobram
providências. Exaltados, apontam os excessos das empresas de ônibus. E
propositivos, sugeriram até a realização de uma nova licitação para o setor. A
última foi em 2015. Há, portanto, um contrato cuja vigência se arrastará,
ainda, por intermináveis 25 anos, pois é prorrogável por 15 anos.
É
fastidioso ficar mencionando, o tempo todo, os graves problemas referentes ao
transporte público na Feira de Santana. Desde o começo do século – lá se vão 20
anos – que os transtornos vêm se avolumando. Já houve greves de motoristas e
cobradores, ônibus pegando fogo no centro da cidade, paralisação dos serviços
pelo patronato, confisco de veículos que foram parar numa fazenda em
Serrinha...
A
fieira de dissabores é extensa. Tanto que manifestações contra o aumento – uma
vez, em 2008, cercaram até o carro do ex-prefeito Tarcízio Pimenta – tornaram-se
banais, corriqueiras, diante de tanta coisa digna de ficção. Isso para não
mencionar os ônibus velhos – disseram, há tempos, que eram “seminovos” –, os
terminais malcuidados e, sobretudo, as intermináveis esperas nos pontos de
ônibus.
Desde
o começo da pandemia do novo coronavírus que a situação no transporte público
feirense piorou muito. As incontáveis imagens de ônibus superlotados, compartilhadas
em mídias sociais, estão acessíveis para quem quiser ver. Como é ano eleitoral –
e há, naturalmente, uma pressão maior sobre os governantes – talvez algo se
encaminhe por aqui, atenuando o sofrimento.
Mas que os problemas estruturais seguirão exigindo solução, disso não tenho dúvida...
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