Cresceu
bastante o número de infectados com o novo coronavírus na Feira de Santana
desde a reabertura do comércio no dia 21 de abril. Do início da pandemia até
aquela data foram confirmados 58 casos. Desde então, são mais 61 casos, até a
mais recente atualização hoje (11). A contabilidade, obviamente, não inclui a
subnotificação, que é grande, porque no Brasil não se aplicam testes em massa.
Quantos infectados assintomáticos estão circulando pela cidade? Isso só as
sofisticadas projeções científicas podem responder.
O
prefeito Colbert Martins (MDB) vinha acompanhando a sensata posição de boa
parte dos governantes brasileiros, sintonizados com as orientações da
Organização Mundial de Saúde (OMS). Mas, pela imprensa, percebia-se que a
pressão dos comerciantes locais pela reabertura era imensa. Foram só três
semanas de restrições ao comércio. Muitas atividades, na prática, só
enfrentaram uma semana de suspensão.
As
pressões, inclusive, seguem. Há shopping querendo reabrir. Academias e igrejas
evangélicas – excelentes espaços para aglomeração e potencial disseminação do
Covid-19 – também pressionam. No Legislativo municipal, vários vereadores,
ostentando máscaras, já fizeram discurso defendendo a flexibilização. Adotam a
dicotomia saúde versus economia, tão apreciada pelos trogloditas no Planalto
Central.
Hoje
(11), em entrevista coletiva, o prefeito não descartou a possibilidade de
determinar, mais uma vez, o fechamento do comércio. É bom lembrar que o pior da
pandemia ainda não chegou à Feira de Santana. A expectativa é de unidades de
saúde superlotadas, pacientes necessitando de cuidados intensivos e,
provavelmente, mais mortes. Reabrir geral – como anseiam os insensatos – vai
apenas tornar tudo muito pior.
Já
mencionamos que no momento mais agudo – quando ocorrer a saturação da
capacidade de atendimento – todos se afastarão: comerciantes, líderes
empresariais, vereadores – da base aliada ou não –, gente da imprensa, ninguém
compartilhará o ônus com Colbert Filho. A cobrança, inclusive, virá às vésperas
das eleições. Pré-candidato à reeleição, pode ser irreparavelmente alvejado em
suas pretensões.
A
recessão é inevitável e incontornável, ao contrário do que fantasia Jair
Bolsonaro, o “mito”. Mas pode, inclusive, ser aprofundada com o abre-e-fecha do
comércio. A clientela só vai voltar às ruas – e às compras – quando a epidemia
estiver sob controle por aqui. Com suas ostensivas limitações cognitivas, os
trogloditas que advogam o contrário teimam em defender o “libera geral”.
Sinal de que a contração econômica pode se arrastar até sabe Deus quando.
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