Pular para o conteúdo principal

Mantido esquema de funcionamento do comércio

Decisão anunciada hoje (04) pelo prefeito Colbert Filho (MDB) prorrogou até o dia 18 de maio o decreto que estabelece critérios para o funcionamento de diversos estabelecimentos em função da pandemia do covid-19. No comércio, continuarão abertas as lojas com até 200 metros quadrados. As maiores seguem proibidas de funcionar. Shoppings, instituições de ensino e academias permanecem fechadas até aquela data. Lá adiante, haverá nova avaliação da situação.

Houve pressão para a reabertura das academias, como a própria imprensa feirense noticiou. A lógica do lucro, obviamente, sustentou a investida. Os critérios de saúde pública – conforme se vê no Brasil de hoje – ficam em segundo plano. Pelo menos dessa vez o prefeito Colbert Filho resistiu e a insensatez foi descartada.

Até agora não houve pressão na imprensa pela reabertura dos shoppings. Noutros estados há dezenas deles abertos. O movimento, noticiado pela imprensa, é pífio: lojistas estimam queda de até 80% nas vendas em relação ao período pré-pandemia. Quem é sensato não vai se aventurar naqueles corredores refrigerados, sob o risco de morrer com sintomas de uma doença horrorosa dias depois.

Como estará o movimento no centro comercial da Feira de Santana? Não me arrisco a ir até lá. Fotos de calçadas e calçadões mostram gente circulando muito próxima das outras pessoas. Aquela distância de 1,5 metro não passa de ficção. Como garanti-lo nas artérias estreitas e obstruídas, que viviam apinhadas noutros tempos? A cultura da aglomeração é sólida aqui.

Há, também, o horror do atendimento em agências bancárias e lotéricas. Receber os 600 reais do auxílio emergencial pela população necessitada tem exigido imensos sacrifícios e grande exposição ao vírus. Diante daquelas imagens de filas intermináveis – que são diárias – não falta quem veja com extremo ceticismo os números referentes à proliferação da covid-19. Não é para menos.

Quem se orienta pelos números oficiais – não só aqui na Feira de Santana, mas no Brasil inteiro – fica com a sensação de que o novo coronavírus é menos nocivo do que parecia a princípio. Isso apesar dos mais de sete mil mortos e 100 mil infectados. Pesquisadores avaliam, porém, que há uma brutal subnotificação, porque os brasileiros não estão sendo submetidos a testes. Só os casos mais graves.

Qual será o número real de infectados na Feira de Santana? Em que locais do município a incidência é maior? Que medidas estão sendo adotadas? Com subnotificação, não é possível traçar o cenário real. E surpresas negativas podem acontecer lá adiante. Sobretudo com o espírito de “libera geral” daqueles que compartilham a visão tosca do mentecapto que julga o covid-19 apenas como uma “gripezinha”.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada fei...

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da...

O futuro das feiras-livres

Os rumos das atividades comerciais são ditados pelos hábitos dos consumidores. A constatação, que é óbvia, se aplica até mesmo aos gêneros de primeira necessidade, como os alimentos. As mudanças no comportamento dos indivíduos favorecem o surgimento de novas atividades comerciais, assim como põem em xeque antigas estratégias de comercialização. A maioria dessas mudanças, porém, ocorre de forma lenta, diluindo a percepção sobre a profundidade e a extensão. Atualmente, por exemplo, vivemos a prolongada transição que tirou as feiras-livres do centro das atividades comerciais. A origem das feiras-livres como estratégia de comercialização surgiu na Idade Média, quando as cidades começavam a florescer. Algumas das maiores cidades européias modernas são frutos das feiras que se organizavam com o propósito de permitir que produtores de distintas localidades comercializassem seus produtos. As distâncias, as dificuldades de locomoção e a intermitência das safras exigiam uma solução que as feiras...