Janeiro,
tradicionalmente, é mês de paradeiro. Sobretudo aqui na Feira de Santana, aonde
férias são sinônimo de praia e, evidentemente, de cidade esvaziada. Fevereiro é
mês de Carnaval e todas as expectativas se voltam para o Momo. Este ano como a
folia foi, atipicamente, no início de março, muita gente apostou que a economia
engataria a partir daquele mês. Quem estava atento constatou a modorra na
economia feirense: o comércio devagar e o setor de serviços manquitolando, como
há muito tempo, em todo o primeiro trimestre.
Viajando até
Salvador é possível observar o mesmo paradeiro, apesar da festejada presença de
turistas na capital durante todo o longo verão. As largas avenidas têm fluxo
pouco intenso e os consumidores abandonaram os corredores dos shoppings e as
fervilhantes artérias de comércio popular.
Pelas
rodovias baianas também se percebe que o fluxo está longe daquele que se
observava no início da década. Não é o mesmo paradeiro da profunda recessão de
2015/2016, mas há menos gente viajando e menos carga sendo transportada. O pior
é que não é só aqui na Bahia: Brasil afora o que se vê é o mesmo paradeiro,
apesar dos impulsos otimistas que marcam todo início de governo.
Pois bem: os
números preliminares sobre o desempenho da economia no primeiro trimestre
reforçam a sensação de paralisia. Em fevereiro, a atividade econômica recuou
0,73%, bem acima do que previam analistas. Janeiro já tinha registrado tombo:
-0,31%. Os dados são do Banco Central. Com base nessas informações, se aposta
em retração do Produto Interno Bruto, o PIB, no primeiro trimestre.
A situação
não surpreende quem acompanha o descalabro administrativo que se desenrola em
Brasília desde o início do ano. A campanha de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) foi um
oco de ideias envolto em clichês, bizarrices e muito preconceito. Quem
acompanhou as eleições atentamente percebeu que, daquilo, não sairia nada de
aproveitável.
Os três
primeiros meses de gestão confirmam plenamente essas expectativas. Não há
ideias: à exceção dos interesses corporativos – do mercado financeiro, dos
militares, de segmentos religiosos – não há um projeto, uma proposta, um plano,
nada. Há somente bizarrices e galhofa: marxismo cultural, golden shower, nazismo de esquerda, perdão ao holocausto e uma
lista, já infindável, de barbaridades.
O amadorismo
gerencial comprime as expectativas sobre o crescimento do PIB semana a semana:
o mercado financeiro já espera algo que não ultrapassa 1,98% para o ano. A
turma do Fundo Monetário Internacional, o FMI, ainda permanece um pouco mais
otimista: 2,1%. Agora é aguardar uma nova avaliação, com base nas informações
mais recentes.
Os mais devotos ainda apostam que Jair Bolsonaro
“vai mudar” e assumir postura compatível com a de um presidente da República.
São os mesmos que apostavam que ele mudaria quando assumisse o cargo. Até lá,
tudo indica que esse vai ser o processo de aprendizagem mais nocivo da História
do Brasil. Caso aprenda, é claro, o que não é tão provável.
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