No primeiro
trimestre de 2019 o desemprego voltou a mostrar as suas garras aqui na Feira de
Santana. Foram, no saldo, 480 empregos a menos, no saldo entre admissões (8,7
mil) e demissões (9,1 mil). Os mais penalizados foram os comerciários: no
saldo, enxugaram-se 162 oportunidades para esses profissionais. Alguém mais
otimista pode enxergar, aí, aquele movimento natural de dispensa do excedente
que foi contratado para as festas de final de ano.
O
preocupante, porém, é que a redução de empregos alcançou atividades que não se
relacionam diretamente ao vaivém natural do comércio. É o caso da construção
civil, que registrou, mais uma vez, declínio no começo do ano. No primeiro
trimestre, 63 serventes de obras – o popular ajudante de pedreiro – e 53
pedreiros foram dispensados, no saldo entre admissões e demissões.
O
enxugamento alcançou também os operadores de caixa – foram 38 postos a menos no
saldo – e 26 assistentes administrativos, apurando-se o resultado entre
contratações e demissões. Todos esses dados estão disponíveis no site do
Ministério da Economia, que herdou um pedaço do esquartejado Ministério do
Trabalho, extinto no início do ano. Não dá, portanto, para classificar como notícia
falsa, conforme fazem, com frequência, algumas mentes delirantes.
Informações
preliminares indicam que o Produto Interno Bruto brasileiro, o PIB, encolheu no
primeiro trimestre. O desempenho do mercado de trabalho na Feira de Santana
converge com esses indícios. Caso siga nesse ritmo, a fugaz criação de postos
de trabalho legada pelo governo Michel Temer (MDB-SP) terá se diluindo no final
do ano. Com o país em marcha-ré, é bom não duvidar da proeza.
O
preocupante é que o desemprego não é tema que comova o novo regime. A total
ausência de propostas para reverter o cenário é um sintoma. Nem no 1º de Maio
houve qualquer palavra oficial. No máximo, o controverso presidente Jair
Bolsonaro (PSL-RJ) se comprometeu, em pronunciamento, a facilitar a vida dos
empreendedores, acenando com o genérico “menos burocracia”.
O grande
mantra é que, para ter emprego, será necessário abdicar de direitos. Caso as
pretensões do novo regime saiam do papel, só vai trabalhar quem se dispuser a
abrir mão de praticamente todos os direitos. Valerá tudo para desonerar o
patronato. Afinal, conforme adverte sempre o polêmico mandatário do Vale do
Ribeira, ser patrão no Brasil é difícil.
Empregos à mancheia já foram prometidos por
Michel Temer no governo anterior. Seriam milhões. E nada. Mas Temer, pelo
menos, tinha algum recurso teatral com sua retórica bacharelesca. Os que estão aí
nem esse talento têm. Imagine-se competência para reverter o quadro...
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