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Bolsonaro será cabo eleitoral de Cristina Kirchner

Mais uma vez a Argentina enfrenta uma turbulenta crise econômica. Maurício Macri, o festejado presidente liberal que sucedeu a família Kirchner, não engrenou no poder. A promessa de inserir o País num novo ciclo prosperidade não saiu do papel. A pobreza cresceu assustadoramente nos últimos anos, os preços sobem de maneira vertiginosa e a insatisfação da população é crescente. Manifestações se sucedem, antecipando o clima das eleições que acontecem em outubro.
Cristina Kirchner – a ex-presidente populista que deixou o posto há apenas quatro anos – desponta como favorita nas pesquisas até aqui. A virada liberal que alguns anteviam há quatro anos na América do Sul talvez sofra um severo revés no país platino, um dos mais relevantes do continente.
Para complicar, Kirchner vai contar com um respeitável cabo eleitoral às avessas: Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o mandatário do Vale do Ribeira, que não para de meter o bedelho nas eleições do país vizinho. Governando o Brasil da arquibancada – como um despreocupado palpiteiro – sobra-lhe tempo para levar adiante sua cruzada ideológica até mesmo aos países vizinhos.
Com certeza o apoio de um entusiasta da ditadura militar e da tortura – chagas terríveis na História argentina, jamais cicatrizadas – como Jair Bolsonaro não fará bem à recandidatura de Maurício Macri, cuja gestão enfrenta revezes. E, examinando o descalabro gerencial brasileiro, os argentinos terão um motivo adicional para carrear votos para a oposição.  Afinal, ninguém quer para si o que se vive aqui.
Caso sinceramente torça pela ascensão liberal na América do Sul, o mandatário do Vale do Ribeira precisará calar a boca e não interferir na política de países vizinhos. E começar, de fato, a governar o Brasil, caso tenha alguma capacidade para fazê-lo, o que parece cada vez mais improvável. Tudo indica que nenhuma das condições será atendida e Bolsonaro seguirá desfilando, bufão e histriônico, em controversas viagens internacionais.
A visita aos Estados Unidos, por exemplo, foi um vexame bancado pelo contribuinte brasileiro. Em Dallas, foi alvo de um abaixo-assinado de repúdio dos vereadores locais, forçou um constrangedor e imprevisto encontro com o ex-presidente George Bush, o filho, e justificou a viagem para receber uma medalha com um almoço perfeitamente dispensável.
Caso prossiga fustigando Argentina e Venezuela vai contribuir não apenas para o retorno de Kirchner ao poder, como ajudará a sustentar Nicolás Maduro no posto. Tempos atrás, numa pendenga com o governo petista, uma autoridade de Israel classificou o Brasil de “anão diplomático”.
Ironicamente, é Jair Bolsonaro, tão reverente à nação judaica, que vai converter a frase em profecia realizada...

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