O
clima eleitoral ainda é morno na Feira de Santana, mesmo com a candidatura do
ex-prefeito José Ronaldo de Carvalho (DEM) a governador da Bahia, encabeçando a
oposição. No passado, em duas ocasiões, o município viveu a experiência de um
político local postulando o Palácio de Ondina, com o ex-governador e
ex-prefeito feirense João Durval Carneiro, candidato em 1982 e, posteriormente,
em 1994. Venceu a primeira e perdeu na segunda. Mas eram outros tempos, quando
a população não vivia o desencanto atual com a política.
A
expectativa é que a partir dessa semana haja maior
engajamento do eleitor, pois começa o horário eleitoral no rádio e na
televisão. Muita gente não se incorpora no acirrado debate virtual, nem garimpa
candidato pela Internet, optando pelo horário eleitoral na tevê. É o que
afirmam analistas, em que pese reconheceram o impacto crescente das novas
mídias.
É
claro que, com a proibição do financiamento privado, o dinheiro disponível
diminuiu e as campanhas tendem a ser bem mais modestas. Pouco se vê de
militância na rua com a distribuição de “santinhos”, as habituais bandeiras desfraldadas
e os estridentes carros de som. A campanha vai ser fria e curta, já que restam
menos de 50 dias até o encontro com as urnas, no primeiro turno.
Mas,
apesar das restrições e do clima morno, as primeiras inferências já são possíveis.
Por exemplo: muitos carros circulam com plotagens no para-brisa traseiro,
sinalizando preferências. Os candidatos feirenses e aqueles que já exercem
mandato são os mais evidentes nessa roupagem de propaganda. Isso indica que
quem dispõe de recursos ou já milita na política larga com vantagem? É
provável.
Apoios
Visualmente,
percebe-se a presença muito mais ostensiva dos candidatos apoiados pelo
ex-prefeito feirense. É natural: além do grande número de postulantes apoiados
por ele – cujas bases estão pela região – há o esforço para se beneficiar com
os elevados índices de aprovação atribuídos a José Ronaldo ao longo dos seus
quatro mandatos. A relativa discrição das candidaturas ligadas à situação
estadual, portanto, é compreensível.
A
crença é que, em Feira de Santana, José Ronaldo obtenha uma vitória expressiva,
embora pesquisas indiquem que, Bahia afora, seu nome permanece pouco conhecido,
o que favorece o atual governador Rui Costa (PT), candidato à reeleição. Talvez
o desempenho modesto do ex-prefeito nas pesquisas venha refreando o interesse
do feirense pelo pleito. Mas isso é difícil de aferir.
O
imprevisível cenário nacional também repercute sobre o clima na Feira de
Santana. Afinal, Lula será candidato ou não? Enquanto aguarda o desfecho, o
povo nas ruas, que majoritariamente apoia o ex-presidente, se engaja pouco na
discussão. Os demais concorrentes – incluindo Jair Bolsonaro e Geraldo Alckmin
– despertam pouco interesse até aqui, o que talvez mude ao longo da campanha.
O fato é que há pouco
envolvimento do feirense com o calendário eleitoral. Crê-se que, quando entrar
setembro – parafraseando a canção de Beto Guedes –, a partir da estreia do
programa eleitoral, o cenário mude. Afinal, até aqui, até o temido acirramento
dos ânimos não se confirmou. Embora improvável, é melhor que o ódio não
transborde e que prevaleça a discussão sobre os preocupantes rumos do País.
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