Pular para o conteúdo principal

Viagem à Feira de Santana de 1960


A Feira de Santana da década de 1960 preparava o grande salto que a levou de maior feira de gado do Nordeste à condição de centro urbano com diversificação comercial e de serviços, presença de unidades industriais de porte e rápida urbanização, que incluía obras de infraestrutura como extensão da rede de energia elétrica e oferta de água encanada. Tudo isso pude ver no sábado, na exibição de alguns filmes que retratam a Feira de Santana daquela década. Foi no antigo casarão da família Froes da Mota, através de convite do professor e secretário do Planejamento, Carlos Brito.
Em algumas imagens do alto, veem-se as barracas da feira livre estendendo-se pelas ruas centrais da cidade. As torres das igrejas, que tanto marcaram a formação da Feira de Santana e da Bahia. Ruas largas, livres do trânsito e dos engarrafamentos. Suntuosas residências na Getúlio Vargas, que aos poucos foram desaparecendo para dar lugar a estabelecimentos comerciais.
Estão lá as primeiras imagens do bairro Cidade Nova, em construção. À época, as 1.600 casas anunciadas certamente representavam um impulso imenso à urbanização. Anunciava-se, também, a pavimentação de três quilômetros da avenida Maria Quitéria, então no limite da expansão da cidade. A energia elétrica de Paulo Afonso chegando impulsionava a instalação de indústrias. E a água do Paraguaçu ia tornando obsoletas as velhas cisternas nos fundos das residências.
O filme institucional foi produzido na gestão João Durval. Sisudo, o ex-governador aparece ainda jovem na recepção a visitantes ilustres ou acompanhando a execução de obras.

Micareta

As imagens da Micareta de 1968 flagram a espontaneidade e o bom humor do feirense. Um trio elétrico tocando samba, com seus músicos muito mais próximos do público. A inconfundível batida do afoxé invocando a matriz africana do feirense em plena folia do Momo. Havia também escolas de samba com seus estandartes e sua irreverência.
Nos salões dos clubes sociais, moças bonitas dançando ao som de antigas marchinhas. Era a época em que estrelas do Rio de Janeiro marcavam presença nos bailes do Clube de Campo Cajueiro. Naquele 1968, o destaque foi a atriz Wilza Carla. Novamente lá está o atual senador João Durval, acompanhando a festa no CCC.
No filme, o Rei Momo recebe as chaves da cidade e circula pelos espaços da folia. A alegria do feirense parece realçada pelas imagens em preto e branco. Naquele tempo, a indústria do entretenimento era, ainda, um fenômeno distante.

Comerciais

Um dos filmes apresentava empresas feirenses da época. O Armazém Carvalho com seu estoque sortido, o Colégio Santanópolis com estudantes debruçados sobre os livros, a empresa de transportes Pioneira, com os mais modernos ônibus em circulação levando para Salvador passageiros sorridentes.
Das empresas apresentadas, a única que sobrevive é a Oficina Pernambucana, ali nas imediações da Biblioteca Municipal. Em 1963, torneiros mecânicos e fresadores faziam funcionar suas máquinas, dentro de um imenso galpão. Já na época a Feira de Santana destacava-se ofertando produtos e serviços para os moradores da região.
Ver a Feira de Santana de hoje nos dias de ontem desperta uma estranha nostalgia. É muito válida a iniciativa do professor Carlos Brito, sem dúvida um dos apaixonados pela Feira de Santana de ontem e de hoje.

Comentários

  1. queria saber se você tem alguma informação de criação de algum filme de ficção ou mesmo histórico produzido nesta época ou na década de 70?

    ResponderExcluir
  2. Me ajudou bastante na minha pesquisa de Geografia

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O Parlamento não digere a democracia virtual

A tentativa do Congresso Nacional de cercear a liberdade de opinião através da Internet é ao mesmo tempo preocupante e alvissareira. Preocupante por motivos óbvios: trata-se de mais uma ingerência – ou tentativa – da classe política de cercear a liberdade de opinião que a Constituição de 1988 prevê e que, até recentemente, era exercida apenas pelos poucos “privilegiados” que tinham acesso aos meios de comunicação convencionais, como jornais impressos, emissoras de rádio e televisão. Por outro lado, é alvissareira por dois motivos: primeiro porque o acesso e o uso da Internet como meio de comunicação no Brasil vem se difundindo, alcançando dezenas de milhões de brasileiros que integram o universo de “incluídos digitais”. Segundo, porque a expansão já causa imensa preocupação na Câmara e no Senado, onde se tenta forjar amarras inúteis no longo prazo. Semana passada a ingerência e a incompreensão do que representa o fenômeno da Internet eram visíveis através das imagens da TV Senado:

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada feira-livre que mobilizava comerciantes e consumidores da região. Isso na época em que não existia a figura do chefe do Executivo, quando as questões administrativas eram resolvidas e encaminhadas pela Câmara Municipal.           

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da