O cerco ao carro do prefeito Tarcízio Pimenta semana passada, na avenida Getúlio Vargas, foi apenas mais um capítulo na interminável novela sobre o sistema de transporte coletivo em Feira de Santana. Em 2009, a propósito, a novela tem sido muito mais agitada que nos anos anteriores. Afinal, antes um conselho anódino reunia-se para reajustar os valores com base em uma planilha esotérica e o prefeito limitava-se a sancionar, ante uma população que, passiva, acomodava-se à situação. Esse ano, no entanto, o enredo não se repetiu.
Afinal, enquanto a população requebrava atrás do trio elétrico, em plena Micareta, o Conselho Municipal de Transportes (CMT) reunia-se para aprovar, sem queixas, uma proposta de reajuste acatada pelo Executivo sem maiores questionamentos. Quando se recuperou da ressaca momesca, o feirense descobriu que teria de desembolsar R$ 0,15 a mais por cada passagem nos ônibus da velha frota que o transporta pela cidade.
A rasteira aplicada em todos se refletiu com maior intensidade sobre os estudantes. Houve uma manifestação em frente a UEFS, estudantes em uma outra manifestação alegam agressão da polícia convocada pelo sindicato patronal e, por fim, o prefeito acabou sitiado no próprio carro semana passada.
O primeiro e o último episódio – o aumento da passagem e o cerco em plena Getúlio Vargas – guardam uma irônica coincidência: ninguém quis assumir a “paternidade” do ato. No primeiro, o conselho garantiu que apenas “recomendou” e o prefeito disse que apenas “acatou” a recomendação. No segundo, surgiu uma nota de entidades que negam participação na manifestação.
Guerra de Notas
A primeira nota, no entanto, foi da prefeitura, logo após o episódio. Não tocou no mérito da manifestação – a forma como se reajustou a tarifa – apontou um cunho “político-partidário” no ato, mas sem indicar partidos responsáveis e, ao velho estilo da política baiana, atribuiu-o a um “minúsculo” grupo que, segundo a nota, se diz representante da comunidade estudantil. Há ainda espaço para recomendar como devem se comportar os manifestantes.
Não parece caber à prefeitura definir quem é ou não representante dos estudantes: isso é papel da categoria. E atribuir caráter “político-partidário” ao ato é recurso comum de quem tergiversa do conteúdo do debate. Por fim, deve-se reconhecer que o prefeito se dispôs a dialogar com os estudantes somente quando o aumento já estava na rua, bem depois da Micareta.
No entanto, é claro que o episódio é condenável. Afinal, afirma-se que o carro no qual seguia o prefeito foi, inclusive, danificado. As fotografias do jornalista Reginaldo Pereira postadas no blog do jornalista Glauco Wanderley mostram, apenas, dezenas de adesivos colados no carro. Com violência física ou não, o fato é que não se faz política através desses métodos. Nisso a nota da prefeitura está correta.
Reconhecimento
A própria nota assinada por grêmios estudantis e movimentos sociais reconhece o equívoco da “tática” empregada. Na oportunidade, nega qualquer envolvimento das entidades no episódio. E, contrastando com o rol das sandices iniciadas com a reunião do Conselho Municipal de Transportes, traz pelo menos uma reivindicação oportuna: o pagamento da meia passagem em dinheiro.
Além de todos os problemas que o transporte público apresenta, há ainda esse: o arbítrio que o sindicato patronal exerce sobre a forma de pagamento da passagem. A bilhetagem eletrônica é ótima para as empresas e péssima para os usuários – estudantes e trabalhadores. Essa questão, no entanto, deve ser discutida com calma. Como o prefeito se dispôs a dialogar, então cabe iniciar as discussões, de forma civilizada. Um mês depois de concedido o reajuste, é muito difícil retroceder. No entanto, há uma extensa pauta que deve começar a ser discutida: recomposição do CMT, redefinição do seu papel, discussão da planilha, renovação da frota e por aí vai. Porém, arquitetar aumentos no breu das tocas e sitiar o prefeito em plena Getúlio Vargas não contribui em nada para melhorar o transporte na Feira de Santana...
Afinal, enquanto a população requebrava atrás do trio elétrico, em plena Micareta, o Conselho Municipal de Transportes (CMT) reunia-se para aprovar, sem queixas, uma proposta de reajuste acatada pelo Executivo sem maiores questionamentos. Quando se recuperou da ressaca momesca, o feirense descobriu que teria de desembolsar R$ 0,15 a mais por cada passagem nos ônibus da velha frota que o transporta pela cidade.
A rasteira aplicada em todos se refletiu com maior intensidade sobre os estudantes. Houve uma manifestação em frente a UEFS, estudantes em uma outra manifestação alegam agressão da polícia convocada pelo sindicato patronal e, por fim, o prefeito acabou sitiado no próprio carro semana passada.
O primeiro e o último episódio – o aumento da passagem e o cerco em plena Getúlio Vargas – guardam uma irônica coincidência: ninguém quis assumir a “paternidade” do ato. No primeiro, o conselho garantiu que apenas “recomendou” e o prefeito disse que apenas “acatou” a recomendação. No segundo, surgiu uma nota de entidades que negam participação na manifestação.
Guerra de Notas
A primeira nota, no entanto, foi da prefeitura, logo após o episódio. Não tocou no mérito da manifestação – a forma como se reajustou a tarifa – apontou um cunho “político-partidário” no ato, mas sem indicar partidos responsáveis e, ao velho estilo da política baiana, atribuiu-o a um “minúsculo” grupo que, segundo a nota, se diz representante da comunidade estudantil. Há ainda espaço para recomendar como devem se comportar os manifestantes.
Não parece caber à prefeitura definir quem é ou não representante dos estudantes: isso é papel da categoria. E atribuir caráter “político-partidário” ao ato é recurso comum de quem tergiversa do conteúdo do debate. Por fim, deve-se reconhecer que o prefeito se dispôs a dialogar com os estudantes somente quando o aumento já estava na rua, bem depois da Micareta.
No entanto, é claro que o episódio é condenável. Afinal, afirma-se que o carro no qual seguia o prefeito foi, inclusive, danificado. As fotografias do jornalista Reginaldo Pereira postadas no blog do jornalista Glauco Wanderley mostram, apenas, dezenas de adesivos colados no carro. Com violência física ou não, o fato é que não se faz política através desses métodos. Nisso a nota da prefeitura está correta.
Reconhecimento
A própria nota assinada por grêmios estudantis e movimentos sociais reconhece o equívoco da “tática” empregada. Na oportunidade, nega qualquer envolvimento das entidades no episódio. E, contrastando com o rol das sandices iniciadas com a reunião do Conselho Municipal de Transportes, traz pelo menos uma reivindicação oportuna: o pagamento da meia passagem em dinheiro.
Além de todos os problemas que o transporte público apresenta, há ainda esse: o arbítrio que o sindicato patronal exerce sobre a forma de pagamento da passagem. A bilhetagem eletrônica é ótima para as empresas e péssima para os usuários – estudantes e trabalhadores. Essa questão, no entanto, deve ser discutida com calma. Como o prefeito se dispôs a dialogar, então cabe iniciar as discussões, de forma civilizada. Um mês depois de concedido o reajuste, é muito difícil retroceder. No entanto, há uma extensa pauta que deve começar a ser discutida: recomposição do CMT, redefinição do seu papel, discussão da planilha, renovação da frota e por aí vai. Porém, arquitetar aumentos no breu das tocas e sitiar o prefeito em plena Getúlio Vargas não contribui em nada para melhorar o transporte na Feira de Santana...
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