O
petê resolveu surfar na onda militar que fez tanto sucesso nas eleições de
2018. Em Salvador, a legenda pretende lançar uma major da Polícia Militar,
Denice Santiago, como candidata à prefeitura, numa concertação dos cardeais da
legenda. O arranjo, pelo jeito,ejetará quatro pré-candidaturas do partido. É o
que noticia a imprensa soteropolitana. Por enquanto, nenhum dirigente do PT
desmente as articulações. Além de não ser filiada à legenda, a militar não tem
experiência político-partidária anterior.
Noutros
tempos, a costura causaria espanto. Afinal, o festejado Partido dos
Trabalhadores não tinha – até agora, ressalte-se – nenhum laço mais forte com
os quarteis. Subitamente, o partido resolveu cogitar a policial, que ano
retrasado chegou a ser sondada para ser candidata a vice-governadora na chapa
de José Ronaldo de Carvalho (DEM), o ex-prefeito feirense.
O
repertório militar nesta fase pré-eleitoral não se esgota aí. Afinal, faz tempo
que o deputado federal Pastor Sargento Isidório figura como postulante ao
Palácio Tomé de Souza. Aliás, em 2016, ele também foi candidato a prefeito, no
amplo arco de aliados do petismo. Sem grandes concorrentes, o prefeito ACM
Neto, candidato à reeleição, venceu sem dificuldade no primeiro turno.
A
mística militar está presente também no terceiro nome consolidado da aliança
petista. Ângelo Coronel (PSD), senador eleito em 2018, também anunciou que está
no páreo. O ex-prefeito de Coração de Maria soma-se à trinca com a patente mais
elevada – mesmo sendo civil – junto com a major e o sargento. Composição digna
de causar inveja à turma do Planalto.
E Feira?
Na
Feira de Santana o petismo não sacou nenhum militar da manga do paletó. Isso
porque o deputado federal Zé Neto – que é advogado – é nome certo desde o primeirosemestre
do ano passado. Isso, não necessariamente, vai impedir o partido de empregar
estratégia similar por aqui. Nada impede que o candidato a vice-prefeito exiba
alguma patente, por exemplo.
Também
é possível que o candidato a vice saia de alguma igreja evangélica. Afinal, este
é outro segmento cuja importância é crescente no cenário eleitoral. O próprio
Lula, recém-saído da prisão, vem comentando que o PT precisa se reaproximar dos
evangélicos. É uma sinalização de tentativas de parceria Brasil afora? Tudo
indica que sim.
Resta
saber o que pensa o eleitor tradicional do PT. A gente dos sindicatos, dos
movimentos sociais, do meio acadêmico, vem perdendo espaço na legenda. Isso
desde, pelo menos, a posse de Lula no primeiro mandato, no já distante ano de
2003. No começo, prevaleceram os políticos tradicionais, de centro-direita;
hoje, a legenda acena para militares e evangélicos.
Há quem apele, sempre, para
o discurso da reinvenção. Ajustar-se à realidade é imperativo na política. Mas
já há quem fareje que o PT está “endireitando” também...
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