O movimento
no comércio feirense agora em dezembro tem sido mais intenso que nos anos
anteriores. Pelas calçadas, vê-se gente se acotovelando, conduzindo embrulhos,
retardando o passo para examinar produtos, ocupando restaurantes e lanchonetes
nos horários de refeição. Mesmo com o
indescritível calor que atormenta os consumidores – a sensação térmica vem
superando os 40 graus com relativa facilidade – pode se concluir que, desde
pelo menos 2014, não havia tanto ânimo às vésperas do Natal.
Liberar
parte do FGTS – muita gente sacou os R$ 500 que contribuíram para o aquecimento
das compras no período – impulsionou o movimento. Principalmente porque muitos
devedores quitaram débitos antigos e puderam, finalmente, destinar algum
recurso para consumo. O pagamento do décimo terceiro salário – que beneficia,
sobretudo, quem atua de maneira formal – também produziu impacto positivo.
Não é à toa
que muitos estão aí celebrando a “retomada” do crescimento econômico. Alguns
precipitados já vêem Jair Bolsonaro – o “mito” que ocupa a presidência da
República – polindo a própria imagem, cacifando-se para a reeleição graças à
recuperação da economia. É tudo precipitação, mas o brasileiro, na média, já
está acostumado: a cantilena é resgatada desde a deposição de Dilma Rousseff
(PT) e serve para inflamar os ânimos das torcidas a qualquer bafejo positivo.
O fato é que
a injeção de ânimo com os saques do FGTS na economia é momentânea. Muito mais
relevante é a geração de postos de trabalho de qualidade. Isso não é garantido
no horizonte de médio prazo, mesmo com toda a torcida favorável: as badaladas
reformas reduziram direitos e os postos gerados são, em sua maioria, informais
ou precários. Noutras palavras, ajudam pouco a aquecer o consumo.
Sob a
perspectiva do investimento, as instabilidades políticas afugentam investidores
estrangeiros. É que anima pouco carrear recursos para um país que flerta com o
autoritarismo, contamina-se com o fundamentalismo religioso e cujos dirigentes investem
na divisão como estratégia de poder. A História é prenhe de experiências
similares que dão em desastre.
O cenário
pouco alvissareiro está à vista de quem circula pelo centro de qualquer grande
cidade brasileira: muito camelô, muito ambulante, muita gente se equilibrado em
tarefas precárias que pagam pouco. O próprio centro da Feira de Santana atesta
o fenômeno, que se espraia pelas grandes cidades do país.
Melhoras substanciais no cenário econômico não dependem
de fé, ao contrário do que se pode imaginar nesses tempos de exacerbado
fanatismo religioso. Então, não bastam preces, orações e súplicas. É necessário
um projeto para o país. Principalmente para promover a inclusão daqueles que
vão sendo excluídos pelo novo regime aí de plantão...
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