Ano de
eleição é período bom para se tentar discutir questões estruturais que envolvem
a vida dos municípios. Incluindo aí, óbvio, as da Feira de Santana. Quem
acompanha com atenção o noticiário político percebe que as “grandes obras”
dominarão, mais uma vez, a agenda eleitoral. O atual prefeito, Colbert Filho
(MDB) – candidato à reeleição – saiu na frente, anunciando um amplo pacote.
As
intervenções incluem a duplicação de dois viadutos – os das avenidas Maria
Quitéria e João Durval – e a requalificação do centro comercial, que vai
começar depois da controversa remoção dos camelôs e ambulantes para o Shopping
Popular, ali na área do Centro de Abastecimento. O início da operação do BRT – Bus Rapid Transit – é outra promessa.
Como a obra se arrasta há muitos anos, também figura no rol das polêmicas.
Os
sucessivos adiamentos na inauguração do Shopping Popular, a rejeição manifesta de
muitos trabalhadores à remoção e a excessiva proximidade do calendário
eleitoral – que amplifica os efeitos da medida, para o bem e para o mal – tornam
a iniciativa uma vidraça. Mas, caso tudo dê certo, pode virar vitrine. O que é
que vai prevalecer? Isso só o posicionamentos dos atores em cena vai indicar.
O BRT é
outra iniciativa controversa, sobretudo porque o sistema de transporte público
na Feira de Santana é péssimo. Isso se aplica, principalmente, quando se
considera o porte do município. Tarifas elevadas, veículos mal-conservados e
longas esperas atormentam o feirense e o lançam aos aplicativos de transporte,
às motos e motonetas e – no caso dos mais abastados – aos próprios automóveis.
É bom
ressaltar: essas iniciativas – mais adiantadas e, portanto, em condições de
repercutir junto aos eleitores até a romaria às urnas eletrônicas –, caso
engrenem, vão favorecer Colbert Filho, impulsionando sua reeleição. Se os
embaraços se avolumarem, surtirão o efeito oposto. É sempre bom lembrar, porém,
que, embora influam, estas iniciativas, por si mesmas, não vão determinar o
resultado das eleições.
Caso o
pacote de obras saia do papel e seus resultados sejam percebidos de maneira favorável
pelo eleitorado, até outubro, o prefeito amplia suas chances. Caso emperre,
surgirão as dúvidas, as contestações, as cogitações sobre nomes alternativos.
É claro que
a agenda de obras é apenas parte do cenário eleitoral. Nele, as costuras partidárias
pesam muito e, a depender da circunstância, podem ser determinantes. É por isso
que aqueles que acompanham a vida política do município conservam a cautela e
aguardam os próximos desdobramentos, pois tudo ainda está nebuloso.
No entanto,
caso o pacote de obras integre um conjunto articulado de iniciativas que,
agregadas, componham um plano de desenvolvimento, pode funcionar como excelente
chamariz eleitoral. Ou vitrine, para recorrer à expressão já empregada.
Isso vale, é evidente, para todos os candidatos.
O único risco – e isso também é aplicável a todo mundo – é que, dependendo do
contexto, a vitrine se transforme em vidraça.
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