Os acólitos
do “mito” podem argumentar que ele não se comprometeu com assistência social,
nem com a erradicação da pobreza na campanha presidencial. E estão certos: Jair
Bolsonaro se limitou – num arroubo populista – a pagar uma parcela adicional do
Bolsa Família em 2019. E se encerrou aí qualquer compromisso. No Brasil, a fila
de um milhão de famílias à espera do benefício, desde o ano passado, não
espanta os mais atentos. Afinal, a turma que está no Planalto nunca se
comprometeu com pobre.
Em diversos
textos anteriores mencionamos a queda contínua no número de beneficiários na
Feira de Santana, desde o início de 2015, quando a crise econômica que se
arrasta, infindável, estava apenas começando. Naquela época, 42,8 mil famílias
eram atendidas pelo Bolsa Família. No ápice da iniciativa foram 51,5 mil, em
abril de 2012.
No relatório
mais recente do afamado Ministério da Cidadania, de novembro do ano passado,
restavam 30,2 mil famílias beneficiárias. Mesmo na áspera era Michel Temer
(MDB-SP) – quando a lipoaspiração se acentuou – havia, na média, mais gente
contemplada. A exceção foi julho de 2017, quando só 29,6 mil famílias foram
atendidas.
Há quem
aponte no enxugamento o salutar combate às fraudes e aos pagamentos indevidos. São
os vorazes consumidores do discurso oficial. Desvios, obviamente, sempre
ocorrem. Só que não na escala dos cortes que vem sendo promovidos.
Afinal, os
próprios números oficiais desmentem o devaneio aqui na Feira de Santana: o
programa alcança, apenas, 63% das famílias com perfil para o programa. Noutras
palavras: 37% de famílias que poderiam ser contempladas pela iniciativa – o
valor médio do benefício não vai além de R$ 128 – estão fora, sabe Deus vivendo
como.
Tem sido
cansativo repetir como há gente por aí se virando no biscate, no bico, como
ambulante ou camelô, bancando comércio miúdo na porta de casa, às vezes enfrentando
esses tempos atrozes até mesmo como pedinte.
Para muitos,
esses desafortunados não existem: seus pregões são mudos e, mesmo aí pela
cidade, andando para lá e para cá, permanecem invisíveis. Não se fala dessa
gente nem no Legislativo feirense que, a propósito, vai passar pelo crivo das
urnas mais uma vez, em outubro.
Na Câmara Municipal, qualquer realização da
prefeitura é capitalizada por ávidos representantes da comunidade, que
reivindicam a demanda. Quando essas reivindicações não saem do papel, porém, a
culpa é do prefeito, do governador, do presidente da República de plantão.
Vá lá que vereador não tem poder para resolver o
problema, ampliar o número de beneficiários. Mas será que os intrépidos edis
não podem, pelo menos, se manifestar sobre a questão?
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