Nos
oito primeiros meses de 2019 a Feira de Santana continuou perdendo postos
formais de trabalho. Isso quando se considera o saldo entre contratações e
dispensas. No intervalo entre janeiro e agosto houve 23.221 admissões e 23.573
demissões. No saldo, esfumaçaram-se mais 352 postos. Os dados são oficiais, do
Ministério da Economia. Não dá, portanto, para contestarem a veracidade das
informações, conforme virou moda nos últimos meses.
A
construção civil segue reduzindo seu estoque de mão-de-obra. No período, foram
dispensados, no saldo, 134 serventes, o popular ajudante de pedreiro. Os
pedreiros propriamente ditos foram um pouco menos afetados: perderam, também no
saldo, 121 postos. Foi monumental a redução de pessoal no setor desde 2015,
mas, mesmo assim, as demissões continuam.
Houve,
porém, profissões que foram ainda mais afetadas em 2019. É o caso do operador
de telemarketing. No período, o saldo entre admissões e demissões resultou em
302 empregos a menos. Note-se que o ramo gerou muita oportunidade e, na crise,
encolheu relativamente menos por aqui.
O
persistente engasgo econômico não poupou um ofício que gera muito emprego na
cidade: vendedor de comércio varejista, o comerciário. No mesmo intervalo de
janeiro a agosto perderam-se, no saldo, 218 postos. Muitos gerentes
administrativos também foram penalizados no período: 55 postos de trabalho, no
saldo, deixaram de existir.
Drama
Circulando
pela cidade é possível intuir o drama. No centro comercial, são muitas as lojas
fechadas. Até 2014 havia disputa intensa pelos espaços mais atraentes. Hoje,
muitos deles estão fechados e as fachadas se deterioram. Não é incomum
encontrar nas avenidas Presidente Dutra ou Getúlio Vargas sequências com placas
de “aluga-se” ou “vende-se”, uma ao lado da outra.
Aquele
ímpeto da construção civil também arrefeceu. Condomínios e até mesmo bairros
inteiros surgiram no boom do setor
imobiliário, até a metade da década. A partir de 2015 houve uma drástica
redução de lançamentos. Mesmo assim, muitos prédios permanecem quase vazios,
porque ninguém se lança à aventura de financiar um imóvel num período de incertezas
políticas e estagnação econômica.
Na
habitação popular é possível ver prédios inacabados, aguardando incertos
repasses governamentais. Os ajustes nas contas públicas alvejaram exatamente
esses financiamentos, que atendem a população mais pobre. Construções sem
pintura e revestimento – alguns têm até vergalhões expostos – reforçam a
sensação do engasgo econômico que sucedeu o efêmero soluço de prosperidade.
Apesar de toda a crise, o
debate sobre a situação do mercado de trabalho segue como tabu na Feira de
Santana. Não se convocam discussões, não se visualizam alternativas, não se
busca compreender o desastre em profundidade. Finge-se, simplesmente, que ele
não existe, embora seja real e esteja aí, à vista de todos.
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