Na próxima
sexta-feira (20) haverá mais uma greve geral na Educação contra o governo de
Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o “mito”, segundo seus acólitos. As manifestações se
sucedem desde o primeiro semestre do ano. Ganharam muita musculatura entre maio
e junho – quando, basicamente, eram os estudantes que estavam à frente – mas
perderam força à medida que o “Lula Livre” foi sendo imposto pelo petismo. Mas,
como o descalabro não concede trégua, razões para ir às ruas não faltam.
O ato vem
logo depois da “Semana da Pátria” – uma patética tentativa do “mito” de botar
sua turma na rua trajando verde e amarelo – o que resultou num fiasco. Numa
licença de trabalho, pude acompanhar o 7 de Setembro em São Paulo: nos metrôs,
nos badalados bares da Vila Madalena, no elegante bairro de Pinheiros –
recantos da turba que, iracunda, babava pelo impeachment – não havia nenhum patriota empedernido.
Pelo
contrário: alguns ostentavam camisetas com uma provocação jocosa: “Eu avisei”.
Noutras, havia uma bizarra caricatura do “mito”. Há pouco tempo essa gente
correria o risco de ser trucidada pelos punhos patrióticos de trogloditas
ensandecidos. A reforma da Previdência, porém, amofinou-os: pelo jeito, parecem
agora mais dispostos a poupar energia para trabalhar muitos anos a mais até a
aposentadoria.
Aqueles
entusiasmados bate-papos contra a corrupção, contra os políticos, aquele afã para
consertar a sociedade, aqueles olhos injetados de indignação são coisa do
passado. Naqueles botequins paulistanos freqüentados pela classes média a
política foi varrida dos debates: melhor tratar da Seleção Brasileira que não
entusiasma, dos times que se acotovelam tentando o título brasileiro, que
remexer o fétido noticiário político.
Na “Semana
da Pátria” os apelos ao consumo em verde-e-amarelo na publicidade das tevês, as
entusiasmadas previsões de aumento nas vendas no período, as ofertas dos bancos
oficiais enviadas por aplicativo de celular, a incessante exaltação dos
símbolos pátrios foram sufocantes. Só
que a pressão incessante, pelo visto, foi inócua, lembrando muito os
tormentosos anos da ditadura militar.
Caso haja
muita gente na rua na sexta-feira, voltam as pressões sobre o “mito” e seu
desastroso governo. Caso a oposição siga fragmentada, se bicando por bagatela –
hábito antigo resgatado desde a última eleição – o “mito” terá margem para nova
fornada de declarações descabidas, de medidas desastrosas, do caos que o
impulsiona. É nula, portanto, a chance de que as coisas melhorem no médio
prazo.
Só que as
fissuras vão se acumulando entre os devotos do “mito”. Cisões entre os
lavajatistas – aqueles intrépidos combatentes da corrupção – e os que veneram o
“messias” sob qualquer circunstância debutam na imprensa. Era previsível:
desatentos, muitos não perceberam que o “mito” surfou na onda da indignação
para colocar de pé um projeto pessoal, no máximo familiar. Talvez a partir
daqui tudo fique mais claro.
Os próximos atos podem marcar o recrudescimento
dos movimentos de rua, pois há acólitos do “mito” também convocando
manifestações. No momento, não parece provável que os movimentos se encorpem.
As sucessivas botinadas do “mito”, porém, lançam dúvidas.
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