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Aeroporto abre novas perspectiva econômicas




Depois de incontáveis idas e vindas, finalmente a Feira de Santana vai passar a contar com voos comerciais para, inicialmente, três destinos: Salvador e Teixeira de Freitas, na Bahia, e Belo Horizonte, a capital de Minas Gerais. O primeiro voo, que marcou a inauguração do aeroporto, aconteceu semana passada, com a presença do governador Jaques Wagner (PT). A previsão é que, em breve, quem for se deslocar para esses três destinos poderá fazê-lo em aeronaves da empresa aérea Azul.
É longo o histórico feirense de frustrações com o seu aeroporto. Afinal, o equipamento foi construído há três décadas e, ao longo de todo esse tempo, foi muito pouco funcional, praticamente não servindo à comunidade feirense. E, durante longos anos, andou desativado, até o início das intervenções recentes.
  A ideia, há muito divulgada, é que o equipamento sirva, sobretudo, para o transporte de cargas. A proposta é oportuna: principal referência logística do Norte-Nordeste, Feira de Santana oferece significativas vantagens, em função das rodovias que cortam seu perímetro e da proximidade de importantes centros consumidores do Nordeste.
Durante muitos anos o debate sobre o aeroporto foi marcado pela mistificação. Má vontade dos governantes, exagerada proximidade de Salvador, que já possui aeroporto, e demanda escassa de passageiros sempre foram argumentos utilizados para justificar a inércia em relação ao equipamento. Como se vê, mera mistificação.

Perspectivas

Antigamente os nordestinos que iam tentar a vida em São Paulo e em outras metrópoles do Sudeste viajavam de ônibus ou, ainda mais remotamente, nas carrocerias de caminhões, os chamados “paus-de-arara”. O aumento na renda dos trabalhadores, somado a alguma redução no valor médio das passagens, ampliou a demanda pelo transporte aéreo nos últimos anos.
  Assim, voos que partem de São Paulo para Petrolina (PE) ou Juazeiro do Norte (CE) hoje fazem muito sucesso entre os nordestinos, encurtando distâncias e, até mesmo, significando alguma economia em relação aos preços das passagens de ônibus. O fenômeno é ainda mais visível nos períodos festivos, como o Natal e o Ano Novo.
É lógico apostar que, no médio prazo, a Feira de Santana vai contar com demanda semelhante. Basta que sejam implantados voos para São Paulo e o Rio de Janeiro que a procura será significativa. Muita gente do interior, que se desloca até Salvador, poderá optar por embarcar na própria Feira de Santana.

Outros modais

Em campanhas eleitorais passadas temas como as desigualdades sociais, o Bolsa Família e o crack dominaram as discussões. Nessas eleições, os gargalos na infraestrutura logística e os investimentos necessários para saná-los estão muito presentes no debate. À Feira de Santana, como grande entroncamento rodoviário, muito interessa a atração de investimentos que viabilizem novos empreendimentos.
A reativação do aeroporto – cuja operação, no passado, se limitava a voos de empresários e políticos em pequenas aeronaves – significa um primeiro passo nesse processo de inserção contemporânea do município no circuito produtivo do País. Ajuda, mas segue vivo o desafio de integrar a Feira de Santana ao modal ferroviário, por exemplo.
Caso tudo saia conforme o planejado, daqui a alguns dias a imprensa deverá registrar um momento histórico: o primeiro voo comercial partindo da Feira de Santana. Quem embarcar, obviamente vai experimentar a sensação de estar escrevendo parte da História da cidade. A expectativa, agora, fica por conta da liberação das operações pela Agência Nacional de Aviação Civil – Anac.

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