Depois
de uma intensa esgrima política e da apoteótica sessão itinerante da Assembléia
Legislativa para aprovar a criação da Região Metropolitana de Feira de Santana
(RMFS), ninguém fala mais do assunto, que sumiu do noticiário. É possível que
governistas e a oposição estejam se municiando para voltar à carga ano que vem,
durante as eleições municipais. Infelizmente, questões cruciais relacionadas à
vida da cidade só são abordadas durante o período eleitoral, quando surgem
incontáveis candidatos desejosos de se promover junto ao eleitorado.
Provavelmente
o primeiro passo para consolidar a RMFS como espaço integrado nas dimensões econômica
e social é o fortalecimento do sistema de transportes entre a Feira de Santana
e os municípios do entorno: Amélia Rodrigues, Conceição da Feira, São Gonçalo
dos Campos, Conceição do Jacuípe e Tanquinho. Afinal, sem um sistema sólido de
mobilidade, a integração de fato não sai do papel.
Hoje,
deslocar-se para esses municípios tão próximos é um caos: praticamente só
existem veículos pequenos e médios, que embarcam e desembarcam passageiros de
forma precária em pontos improvisados distribuídos pelo centro da cidade. Expostos
ao sol e à chuva, os passageiros abrigam-se sob marquises e padecem com a falta
do simples conforto de um sanitário.
Como
os roteiros não são pré-estabelecidos, as vans e veículos de porte similar
circulam ao sabor das solicitações dos passageiros, o que contribui para tornar
o trânsito no centro da Feira de Santana ainda mais desordenado. Os embarques e
desembarques aleatórios, em fila dupla, são freqüentes nas principais ruas e
avenidas.
Oportunidade
A
instituição da RMFS vai exigir o reordenamento do transporte de passageiros
entre a Feira de Santana e os municípios vizinhos. É o momento, portanto, da
mobilização para garantir transporte regular e regulamentado, infraestrutura
adequada para o embarque e desembarque de passageiros e uma tarifa compatível
com o status de Região Metropolitana.
A
garantia de transporte com preço fixo, itinerários pré-estabelecidos e
instalações adequadas para os usuários, além da devida fiscalização dos órgãos
competentes, facilita a vida de quem faz dos deslocamentos na RMFS uma rotina e
produz ganhos para a população.
Não
se sujeitar às incertezas dos horários dos veículos contribuirá para adensar o
fluxo de pessoas entre os municípios da nova Região Metropolitana, beneficiando
sobretudo a Feira de Santana, que é a principal referência econômica da RMFS.
Desenvolvimento
Os
benefícios para os municípios vizinhos também podem ser significativos. Afinal,
os deslocamentos para estudar ou trabalhar serão mais constantes e,
possivelmente, com custos menores. O acesso a produtos e serviços na Feira de
Santana também pode ser facilitado, favorecendo as economias dos municípios do
entorno.
O
acesso à qualificação profissional e a postos de trabalho na própria Feira de
Santana torna-se possível, permitindo que mais pessoas se desloquem todos os
dias, sem a necessidade de mudar de município. Produzir esse cenário positivo,
no entanto, exige como primeiro passo a estruturação de um sistema de
transportes metropolitano que já deveria estar sendo pensado.
Todos
sabem que grande parte da prosperidade da Feira de Santana deve-se ao constante
ir e vir de moradores de dezenas de municípios do entorno. Investir na melhoria
da infraestrutura de transportes – com a oportunidade que se coloca com a
instituição da RMFS – é uma alternativa estratégica para reforçar a condição do
município como pólo aglutinador de comércio e de serviços da região.
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