Anuncia-se a construção de um novo hotel em Feira de Santana onde existe hoje o Shopping Boulevard. Ao mesmo tempo, fala-se na venda do Clube de Campo Cajueiro para um grupo de empresários de São Paulo que, ali, pretendem construir uma espécie de shopping popular, conforme noticiou a imprensa feirense nos últimos dias. As duas notícias confirmam perspectivas de longo prazo para a Feira de Santana, que é a reconfiguração de seu espaço urbano.
As grandes e mais antigas metrópoles têm centros antigos, repletos de casarões e impregnados de história, bem preservada ou não. Possuem uma lógica urbana evidentemente formulada à época em que essas cidades surgiram e se expandiam. Daí os engarrafamentos em ruas estreitas, a pouca funcionalidade de prédios antigos e a necessidade de expansão dos espaços urbanos.
Salvador é das cidades antigas que viveram essa experiência: o centro antigo aos poucos foi sendo abandonado e negócios e serviços foram se acomodar em arranha-céus espaçosos, cortados por largas avenidas e cujo acesso, até há alguns anos, era mais cômodo.
Feira de Santana não tem um centro histórico e muito de sua configuração urbana já foi regida pela lógica do automóvel e da expansão do comércio e dos serviços. Mas, mesmo assim, gargalos vão surgindo e a necessidade de aproveitamento de outros espaços para atividades econômicas vem se impondo nos últimos anos.
Expansão
Certamente foi a compreensão desse fenômeno que orientou a construção do antigo Shopping Iguatemi em uma área de expansão comercial, pros lados da Avenida João Durval. Ali havia condições favoráveis para o surgimento e consolidação de um novo complexo de comércio e serviços, mais compatível com os imperativos da modernidade.
Essa lógica com certeza também orientou a opção do hotel que está se instalando na cidade. E orienta as contínuas especulações sobre a construção de uma nova rodoviária também naquela região, embora essa última informação seja, por enquanto, apenas mera especulação.
O entorno do Clube de Campo Cajueiro também é avaliado sob a mesma lógica. Só que com uma diferença importante: ao que parece, o aproveitamento que se fará do espaço atenderá o comércio atacadista e varejista da região, o que inclui dezenas de municípios e exige maior facilidade para o deslocamento urbano.
Centro Antigo
Claro que se delineiam apenas tendências, que o passar dos anos confirmará ou não. Parece evidente, todavia, que em cerca de duas décadas o atual centro da Feira de Santana será muito mais especializado. Ali certamente vão permanecer a confecção popular, miudezas, lojas de eletrodoméstico populares, agências bancárias e outros serviços prestados a viajantes que visitam o Centro de Abastecimento.
A atividade econômica concêntrica vai se diluir aos poucos pelo espaço urbano, criando novos pólos dinâmicos em bairros isolados ou em conjuntos de bairros. É o caso da avenida João Durval e, potencialmente, pode ser o caso do Cajueiro, a depender do destino reservado ao clube.
Assim, o comércio dos bairros deve se tornar mais pujante, como já acontece no Tomba e, mais recentemente, no Sobradinho; os serviços tenderão à estratificação por classes, pulverizando-se pelo território; e a cidade exigirá inovações no sistema viário, tanto no que se refere ao transporte público, quanto em relação à mobilidade urbana.
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