Pular para o conteúdo principal

Crise atinge mercado de trabalho em Feira



Os dados ainda são dos cinco primeiros meses do ano, mas não dá para sustentar que a crise econômica chegou em Feira de Santana como uma “marolinha”. Pelo menos para os trabalhadores que atuam no mercado formal de trabalho – e que constituem uma casta “privilegiada” na multidão de camelôs, ambulantes, biscateiros e desempregados – o cenário, na melhor das hipóteses, é de estagnação. Afinal, foram gerados apenas 323 novos postos, entre janeiro e maio. Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) disponíveis no site do órgão.
Para efeito de comparação – e usando dados da mesma fonte – entre 2006 e 2007, o saldo positivo foi de mais de 2.800 postos de trabalho, num período de doze meses. Ou seja, em 2009, Feira de Santana não conseguiu a expansão, em média, sequer de 25% dos cerca de 1.400 empregos gerados entre janeiro e junho de 2007.
Claro que, em 2007, grandes indústrias entraram em operação, admitindo centenas de trabalhadores e “inflando” o desempenho do mercado de trabalho. Só que a instalação de grandes empresas via incentivos fiscais não ocorre todos os dias e esse momento de crise mostra que existem limites para essa estratégia.
De qualquer forma, a situação atual é preocupante. Pode-se argumentar que poderia ser pior, com retração na oferta de empregos formais. No entanto, para um município cuja população ainda se expande e que dispõe de muitos jovens em idade de ingressar no mercado de trabalho, o quadro exige atenção.


Caminho difícil

O melhor caminho para ampliar o número de empregos permanece sendo a oferta de educação e qualificação profissional. Dados do próprio MTE sinalizam para uma situação curiosa: em 2008, 19,8 mil pessoas se inscreveram em programas de intermediação de mão-de-obra. No mesmo período, foram captados cerca de 2,4 mil empregos e apenas 1,2 mil acabaram preenchidos.
Essa situação aponta para duas hipóteses: ou as empresas preencheram os postos de trabalho por outros meios ou os trabalhadores recrutados não se adequaram ao perfil exigido pelas empresas. Comumente, esse perfil se traduz em nível de escolaridade ou de qualificação incompatível com a função ofertada.
Mostra-se, assim, a necessidade de se buscar alternativas para a geração de postos de trabalho e de inserção de mais pessoas no mercado de trabalho. O caminho mais longo e mais difícil é, efetivamente, a oferta de uma educação de qualidade e a manutenção dos jovens por mais tempo na escola. Lamentavelmente, isso leva tempo e os resultados não aparecem de imediato.

Alternativas

Para que mais feirenses sejam absorvidos pelo mercado de trabalho, é necessário buscar outras estratégias no curto prazo. Uma delas é fortalecer o empreendedorismo, buscando assegurar sobrevida aos pequenos empreendimentos que vão surgindo e àqueles já existentes, cujo potencial de absorver trabalhadores é elevado.
Para sobreviver, esses empreendimentos exigem articulação em rede, acesso ao mercado e atuação mais próxima dos organismos governamentais. Representam o que hoje se denomina de Economia Solidária ou Economia Associativa. Porém, como tudo na vida, têm suas limitações e dificuldades, embora predomine o discurso das vantagens mais evidentes. A superação das crises econômicas e do desemprego exige a aplicação de fórmulas que nem sempre se repetem. Na equação individual das pessoas comuns, contudo, uma variável permanece quase imutável: a necessidade de educação para se conseguir trabalho decente e viver de forma mais digna.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada fei...

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da...

O futuro das feiras-livres

Os rumos das atividades comerciais são ditados pelos hábitos dos consumidores. A constatação, que é óbvia, se aplica até mesmo aos gêneros de primeira necessidade, como os alimentos. As mudanças no comportamento dos indivíduos favorecem o surgimento de novas atividades comerciais, assim como põem em xeque antigas estratégias de comercialização. A maioria dessas mudanças, porém, ocorre de forma lenta, diluindo a percepção sobre a profundidade e a extensão. Atualmente, por exemplo, vivemos a prolongada transição que tirou as feiras-livres do centro das atividades comerciais. A origem das feiras-livres como estratégia de comercialização surgiu na Idade Média, quando as cidades começavam a florescer. Algumas das maiores cidades européias modernas são frutos das feiras que se organizavam com o propósito de permitir que produtores de distintas localidades comercializassem seus produtos. As distâncias, as dificuldades de locomoção e a intermitência das safras exigiam uma solução que as feiras...