O
clima voltou a ser tema obrigatório nas conversas entre os feirenses. Nos
janeiros tórridos o calor implacável é o mote mais comum. As ruas, esvaziadas
pelo período de férias, costumam ficar ainda mais desertas com a temperatura
escaldante. É mês de pouca novidade, mesmo em relação ao clima. Em 2020, porém,
escancaram-se surpresas que vão muito além do habitual sol a pino. Os
aguaceiros que se precipitam desde o início do ano ocupam os papos e, também, o
noticiário nas tevês, nas emissoras de rádio, nos sites noticiosos. Domingo
(26) foi dos dias mais agitados.
Hoje
a tecnologia permite que o próprio cidadão registre suas agruras, encarnando o
repórter amador. Dezenas de vídeos exibindo enxurradas e alagamentos circularam
pelas mídias sociais. Nalgumas ruas formaram-se ondas indóceis, que ameaçavam
os imprudentes. Noutras, gente modesta perdeu as magras posses, danificadas
pelas torrentes que invadiram residências.
Vias
tradicionais se tornaram intransitáveis, com espessas lâminas d’água desafiando
automóveis, retardando o fluxo, enguiçando veículos. Os mais apressados
avançavam, provocando ondas cujas cristas exibiam o lixo descartado com
displicência pelas ruas. Esse ir-e-vir repugnante avançava sobre as calçadas,
obrigando pedestres desabrigados a exóticos malabarismos, saltando
canhestramente.
Depois
dos aguaceiros muita gente pôde constatar os estragos provocados pela força das
águas. Móveis velhos foram arrastados, muros cederam, garrafas e sacos
plásticos viajaram centenas de metros, estacionando aleatoriamente, conforme
ditava a correnteza. Não se repetiram aqui, óbvio, os cenários de catástrofe do
Sudeste,mas muita gente ficou assombrada com os temporais.
Mudanças climáticas?
Será
que essas tempestades não têm nenhuma relação com as mudanças climáticas que
cientistas apontam exaustivamente? Só rigorosos estudos de gente especializada
para responder. O cidadão mais atento ao clima, porém, não deixa de se
inquietar com alguns sinais, pouco sutis até para quem ignora o noticiário.
Um
deles é a aparente ausência de padrão: às vezes, o calor tórrido é sucedido por
temperaturas amenas, até frias, num par de horas; estações chuvosas se estendem
em demasia, desafiando a sabedoria cristalizada dos mais antigos, como se viu
ano passado; invernos – mesmo em lugares frios – exibem dias cujas temperaturas
se aproximam dos 40 graus.
Situações
do gênero não se traduzem só em aporrinhações para os indivíduos citadinos:
podem comprometer, inclusive, atividades essenciais como a pecuária e a
agricultura no longo prazo. Discussões do gênero, no Brasil, estão em desuso
depois que o terraplanismo ascendeu ao Planalto. Mas preocupam quem vai além da
bizarrice grasnante que hoje viceja por aí.
Desde o início da semana o
calor tem sido impressionante, inclusive à noite. Na segunda-feira (27) estrelas
reluziam, contrastando com as nuvens esbranquiçadas da noite da véspera, que se
arrastavam por detrás das luzes vermelhas das antenas de telefonia espalhadas
pela Feira de Santana. Os próximos dias serão de calor? Sobrevirão novas
tempestades? Façam suas apostas...
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