Começou o
pagamento da 13ª parcela do Programa Bolsa Família (PBF). A promessa de Jair
Bolsonaro, o “mito”, foi feita num arroubo durante a campanha eleitoral do ano
passado. A medida vale apenas para 2019. Para o ano que vem, os beneficiários
da iniciativa devem aguardar mudanças. É o que promete o governo, que pelo
visto vai se enfronhar numa batalha com a Câmara dos Deputados por protagonismo
na área social. O que vai sobrar disso para o beneficiário ainda é uma
incógnita.
É visível o
pouco apreço dos novos donos do poder pelos beneficiários do PBF. Em inúmeras
declarações cultivam preconceitos contra os pobres que, por escassez de
oportunidades no mercado de trabalho, dependem dessas transferências. Eles não
se limitam, porém, às palavras. Pouco fizeram ao longo do ano e Feira de
Santana é uma excelente referência para a constatação.
Em outubro,
exatas 31.076 famílias foram contempladas com o repasse de R$ 3,953 milhões.
Há, no valor, uma discreta melhora em relação ao montante repassado em dezembro
de 2018: naquele mês, R$ 3,790 milhões chegaram às mãos dos beneficiários.
O que piorou
foi o número de famílias atendidas: eram 32.014 naquela oportunidade. O governo
do “mito”, portanto, segue reduzindo o número de beneficiários, dando
continuidade às maldades do mandatário de Tietê, Michel Temer (MDB-SP).
É bom
recordar que o momento áureo do PBF na Feira de Santana aconteceu em abril de
2012, quando 51.570 famílias foram atendidas. Isso quando havia mais trabalho e
mais renda, inclusive para os mais pobres.
Os mais
renitentes acólitos do “mito” costumam alegar que o enxugamento se deve ao
combate às fraudes. Não é bem por aí: a cobertura do programa, no município,
alcança só 65% das famílias pobres.
Há 71,6 mil
com perfil para o PBF, 63 mil com o cadastro atualizado. Os dados são oficiais,
disponíveis no site do chamado Ministério da Cidadania, embora os mais
fanatizados adeptos do novo regime sempre enxerguem manipulação comunista em tudo.
O
acompanhamento da situação cadastral é o único quesito que a prefeitura atende
com padrão acima da média nacional: 86,1% contra 82,4%. Nos demais, o município
fica devendo: está bem abaixo nas condicionalidades de educação (69,7% contra
91,1%), saúde (67% a 76%) e no fator de operação, que é o quesito gerencial:
77,2% a 83%.
Para
melhorar os indicadores, o ministério recomenda que “o gestor municipal do PBF
conheça e se articule” com os coordenadores em saúde e educação.
Em suma, o
programa encolheu e não atende muita gente necessitada, alvejada pela crise
feroz, cujos efeitos ainda são visíveis. E, mesmo com a lipoaspiração, a
prefeitura não consegue acompanhar as condicionalidades nos níveis adequados.
Cenário preocupante, sobretudo porque, para o pobre, a crise não se dissipou.
Muito pelo contrário: a recente supressão de direitos tende a aprofundar as
desigualdades.
Oráculos de araque vivem profetizando que a
crise acabou e que a vereda da prosperidade se abriu. É gente que circula de
carro, se abriga em gabinetes elegantes com ar-condicionado e que não vai às
feiras-livres, nem aos centros de comércio popular, nem aos pontos de ônibus ou
à periferia. Conhecem pouco, portanto, as agruras que o brasileiro médio
enfrenta desde 2015. Mas é justamente essa
gente que está aí, na praça, vendendo paraíso...
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