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No ritmo atual, Feira vai levar décadas para resgatar nível de emprego

Jair Bolsonaro, o “mito”, passou a campanha eleitoral de 2018 vendendo facilidades na economia. Matreiro, esquivava-se do debate, alegando que não entendia do tema.  Mas assegurava que Paulo Guedes – o que posteriormente foi chamado de “Tchutchuca” em uma audiência no Congresso Nacional – tinha soluções ultraliberais mágicas, cujos efeitos logo se fariam sentir. Bastaria alguém com coragem na presidência da República – ele, com seu repertório de impropérios – para que, em pouco tempo, o maná se desprendesse dos céus.
Lá se vai mais de um ano. É ocioso mencionar o amplo leque de absurdos que se vomita a partir do Planalto. Mas não é reconhecer que, até agora, o “mito” e sua trupe tem poucos resultados para brandir. Basta cotejar números, sem o espírito de gincana que domina o País há um bom tempo.
Aqui na Feira de Santana foram gerados, no ano passado, 729 postos formais de trabalho. Os números são do Ministério da Economia. Registraram-se 34,3 mil admissões e 33,5 mil demissões. No saldo, é pouco para tanto estardalhaço. A desculpa corrente é que a situação da economia é crítica e, portanto, os resultados vão demorar. Balela: na campanha eleitoral, ninguém enxergava dificuldades.
Ironicamente, em 2018, na gestão de Michel Temer (MDB-SP) o desempenho foi até melhor: 1.089 postos formais gerados, no saldo. Em 2017 foram apenas 389. Mas note-se que, naquele ano, interrompeu-se um ciclo de três anos aziagos, com violenta retração na oferta de empregos formais. Naquela quadra sinistra, esfumaçaram-se, no saldo, 13,5 mil oportunidades.
O que a trajetória recente sinaliza? Nos últimos três anos, foram gerados apenas 2,2 mil postos formais. Se o ritmo atual for mantido, serão necessários intermináveis 18 anos para se retornar ao patamar de 2013, último ano antes do início da feroz crise cujos efeitos ainda são sentidos. Noutras palavras, só em 2035 o mercado de trabalho feirense retornará ao patamar de 2013, 22 anos depois.
Dilma Rousseff (PT), com suas invencionices em matéria econômica, atirou o Brasil na mais profunda crise de sua História documentada. Michel Temer e sua trupe arquitetaram uma rasteira no petismo alegando que era para dar uma guinada na economia, estabelecendo um paraíso liberal. Lá se vão três anos e dois presidentes e os resultados, até aqui, são decepcionantes. Mas não se pode perder a fé.
Enquanto não se chega ao paraíso ultraliberal, os impropérios se avolumam. Paulo Guedes – o “Tchutchuca” – chamou os servidores públicos de “parasitas” e, anteontem, soltou mais uma pérola: disse que, com o dólar barato, “até” as empregadas domésticas estavam indo para a Disneylândia.
Mas que não se perca a fé. Afinal, Alá é grande. No meio do caminho vai operar o milagre da multiplicação de empregos, principalmente aqui na Feira de Santana. Exatamente como se vê, há tantos anos, nesses programas de tevê que avançam madrugada afora...

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