Pular para o conteúdo principal

Manifestações pró-governo fracassaram

Fracassaram as manifestações programadas para ontem (26) contra a corrupção, pela ética e por outros motivos variados. Os próprios organizadores reconhecem o fiasco. Estavam à frente os “movimentos sociais” que, durante dois anos, promoveram apoteóticos atos visando a deposição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O declínio foi retumbante: dos milhões que a imprensa exaltava o espírito cívico, restaram uns poucos milhares.
A oposição farejou fracasso nas manifestações. Talvez, não: esses movimentos integraram a orquestração destinada a depor a ex-presidente; findo o processo e alcançado o objetivo, deixaram de fazer sentido. Cumpriram, portanto, seu papel. Tanto que saíram de cena há quase um ano.
Ontem, saíram apenas para se contrapor às mobilizações contra as draconianas reformas trabalhista e da Previdência, demarcando território. Exibem reivindicações vazias, protestando contra a corrupção, mas ignorando os larápios cujos nomes seguem vindo à tona. Como mobilizadores de multidões, esses grupos estertoram.
Mas a coisa também tem um lado bom. Ficou evidente que, maciçamente, os brasileiros repudiam o desmanche dos seus direitos, embora a mobilização ainda seja, até aqui, muito débil. Se não fosse assim, multidões ensandecidas continuariam encorpando o caldo emedebista. E estariam pelas ruas, com camisetas verdes e amarelas, abjurando o canhestro comunismo arranjado como pretexto para a deposição de Dilma Rousseff.

Engodo

Muitos daqueles que vestiram amarelo, empunharam cornetas e acorreram à avenida Paulista, a Copacabana, ao farol da Barra e a outros cartões postais de capitais brasileiras, devem estar arrependidos. Afinal, a aprovação da terceirização – a revogação disfarçada da Lei Áurea – e as perspectivas sombrias acerca da Previdência e dos direitos trabalhistas não estavam no script de quem pretendia se livrar do Partido dos Trabalhadores.
Vários, com certeza, caíram na falácia que bastava apear o petismo que a prosperidade estava garantida. Pois bem: quase um ano depois, muitos seguem desempregados. Até aqui, mudança, só no tom do noticiário e nos intermitentes levantamentos apontando que, agora sim, a confiança está voltando. É pouco, convenhamos, para quem vive desempregado, com as finanças escangalhadas.
A corrupção petista, condenada com tanta ênfase nas jornadas cívicas, emporcalha também os novos donos do poder; só que, desses, ninguém reclama. E o toma-lá-dá-cá, a barganha, o acordo de balcão, ganharam impulso adicional. Mas, também, ninguém reclama. É evidente que, com tudo somado, o ímpeto cidadão de muitos definhou do ano passado para cá.
Era até previsível que as manifestações de ontem murchariam. Mas definharam de maneira dramática e vertiginosa. É um claro sinal que o mandatário de Tietê e sua trupe não estão agradando...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada fei...

Placas de inauguração contam parte da História do MAP

  Aprendi que a História pode ser contada sob diversas perspectivas. Uma delas, particularmente, desperta minha atenção. É a da Administração Pública. Mais ainda: a dos prédios públicos – sejam eles quais forem – espalhados por aí, Brasil afora. As placas de inauguração, de reinauguração, comemorativas – enfim, todas elas – ajudam a entender os vaivéns dos governos e do próprio País. Sempre que as vejo, me aproximo, leio-as, conectando-me com fragmentos da História, – oficial, vá lá – mas ricos em detalhes para quem busca visualizar em perspectiva. Na manhã do sábado passado caíram chuvas intermitentes sobre a Feira de Santana. Circulando pelo centro da cidade, resolvi esperar a garoa se dispersar no Mercado de Arte Popular, o MAP. Muita gente fazia o mesmo. Lá havia os cheiros habituais – da maniçoba e do sarapatel, dos livros e cordeis, do couro das sandálias e apetrechos sertanejos – mas o que me chamou a atenção, naquele dia, foram quatro placas. Três delas solenes, bem antig...

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da...