Parece pirraça, mas a prefeitura resolveu fazer a licitação para recuperar gramado do Jóia da Princesa exatamente às vésperas de começar o Campeonato Baiano de 2010, quando a Feira de Santana vai ter, pela primeira vez, três times disputando a competição. Em anos anteriores já havia acontecido: o estádio passava seis meses às traças e, às vésperas da competição, começavam a recuperar o gramado. Mesmo com a realização da Taça Governador do Estado, o processo licitatório podia estar em andamento e a reforma ocorrer justamente no intervalo das férias.
Não foi o que aconteceu. E, mais uma vez, os times feirenses vão começar a competição jogando longe da torcida. Num campeonato curto como o próximo “Baianão” – em junho começa a Copa do Mundo e o calendário esportivo local vai ter que ser encurtado – os prejuízos para as equipes locais serão inevitáveis.
Talvez falte maior diálogo entre a prefeitura e os times feirenses. Afinal, embora não possa ser considerado uma prioridade para o poder público como a educação e a saúde, o estádio pertence e é mantido pela prefeitura. Só que os verdadeiros – e únicos – usuários são os times locais. Se o planejamento da prefeitura para manter a praça esportiva não pode acompanhar o calendário das equipes, então o estádio perde parte da funcionalidade.
Parece óbvio que os dirigentes municipais não se comportem assim por má fé. Afinal, o próprio prefeito presidiu o Fluminense de Feira tempos atrás. Por outro lado é óbvio que falta sintonia entre o calendário esportivo e a programação da prefeitura, já que anualmente o Campeonato Baiano começa sempre na primeira quinzena de janeiro.
Copa 2014
Esse episódio ilustra bem o quanto se falta afinar para o Brasil realizar a Copa de 2014. Salvador será sede de jogos e o próprio Nei Campelo, da Secretaria Extraordinária da Copa, anunciou que a intenção é que as seleções com mando de campo em Salvador treinem em praças esportivas do interior. E citou Camaçari e Feira de Santana.
Caso o secretário esteja sendo sincero, o interior da Bahia parte muito atrás até mesmo para hospedar seleções em eventuais treinamentos. Afinal, não se fala sequer em uma grande reforma no estádio Jóia da Princesa, que está depauperado depois de um quarto de século sem manutenção de porte.
Apenas para ficar num exemplo, recentemente um jogo marcou a reinauguração do estádio de Araraquara, em São Paulo, que faz lobby para receber, em seu estádio, os treinamentos de seleções que disputarão seus jogos na capital paulista. Note-se: o estádio foi inaugurado dentro dos padrões exigidos pela Fifa para as modernas praças esportivas.
Projeto
Caso na Feira de Santana haja alguma intenção de promover a cidade durante a competição, é preciso dar a largada. Sequer um projeto para construir ou recuperar o Jóia da Princesa é de conhecimento público. Não se fala em buscar parcerias, fazer concessões, nada. Silêncio absoluto.
Pelo andar da carruagem, os hotéis de luxo do Litoral Norte provavelmente vão construir campos de futebol e hospedar ali as equipes que disputarão o Mundial de 2014. Nenhum benefício chegará a municípios onde o futebol é emblemático, como Feira de Santana.
A Copa de 2014 deve dar uma sacolejada no futebol brasileiro. Novas praças esportivas, novas formas de gestão, maior profissionalismo, mais transparência e menos picaretagem é o que se espera para o futebol nacional com os efeitos da Copa. Feira de Santana, portanto, deveria aproveitar o embalo e tentar construir uma moderna praça esportiva e não ficar tapando buracos no gramado, às vésperas do Baianão...
Comentários
Postar um comentário