Nesse mês de agosto o Jóia da Princesa completa 24 anos de reinauguração. Quase um quatro de século depois, a única alteração que o estádio sofreu foi a colocação de um placar eletrônico, que imprensa e torcedores reivindicaram durante muitos anos. No mais, o então moderno estádio – para os padrões de conforto daqueles anos – cujo gramado constava entre os melhores do Brasil, conforme atestaram inúmeros jogadores, foi se deteriorando pela força do tempo com o passar dos anos. Hoje, nem mesmo o gramado escapa.
Em 1985, Feira de Santana ganhava um estádio compatível com sua importância. Afinal, antes a arquibancada era menor, as torres de iluminação eram inseguras e deficientes e o entorno do estádio era lastimável, melhorando consideravelmente com o esgotamento e a pavimentação asfáltica.
Naqueles anos, o prefeito era José Falcão da Silva e o governador era João Durval Carneiro. Semi-profissional, o futebol exigia a inversão de recursos públicos para a construção de praças esportivas, como os estádios. E, assim, Feira de Santana ganhou o melhor estádio do interior da Bahia e um dos melhores de todo o Nordeste.
Passados tantos anos, o Jóia da Princesa tornou-se feio, sombrio, acinzentado, com ferragem exposta e instalações desgastadas pelo tempo e pela má conservação. Exposto às eventuais chuvas e ao sol impiedoso, o torcedor, desconfortável, frequenta suas arquibancadas movido apenas pela paixão pelo futebol.
Oportunidades
O descaso com os equipamentos esportivos, em particular os estádios, não é exclusividade da Feira de Santana. Repete-se Brasil afora com desdobramentos trágicos, como o desabamento que vitimou sete torcedores do Bahia na Fonte Nova, em 2007. Outras grandes praças esportivas no país também estão em condições deploráveis, exigindo reparos urgentes.
A oportunidade que se coloca para mudar esse cenário é a Copa do Mundo de 2014. Estádios confortáveis serão construídos dentro de uma concepção moderna de comodidade e lazer, permitindo finalmente que o futebol brasileiro se aproxime dos padrões de conforto de outros espaços de diversão, como teatros e cinemas.
Ocorre, porém, que os tempos em que os clubes não passavam de times e que o Estado tinha recursos para aplicar na construção ou reforma de estádios passou. Hoje, se impõem outras prioridades, como investimentos em educação e saúde e outras alternativas devem ser tentadas na gestão do futebol.
Parcerias
A mais evidente delas é buscar parcerias com entes privados: sejam empresas do setor de entretenimento, sejam os próprios clubes de futebol – no caso feirense, algo altamente improvável – para investir na construção de arenas esportivas em troca da administração com participação nas receitas. Algo como as famosas parcerias público-privadas.
Formular uma proposta destas, no entanto, exige planejamento e senso de oportunidade. A oportunidade está posta com a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, mesmo nas cidades que não receberão jogos da competição. O planejamento e os contatos iniciais urgem, já que faltam pouco menos de quatro anos para a competição.
Salvador já ganhou um estádio moderno e que serve de referência para o que se pretende para 2014: o Estádio Metropolitano de Pituaçu. A nova Fonte Nova já tem projeto e, logo adiante, torna-se também realidade. Distante dos clubes da capital nos gramados, o futebol feirense pode estar se condenando a ficar distante também fora das quatro linhas. É evidente que não se tem garantia do interesse do setor privado em empreendimento dessa natureza, mas a obrigação do poder público é tentar viabilizá-lo.
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