Comenta-se sobre o sucesso da Expofeira 2009 sob distintas vertentes. Não faltaram políticos prestigiando o evento em ano pré-eleitoral. Não faltou – para variar – trânsito caótico na entrada do Parque de Exposições. E também não faltou público, o que é um ingrediente a mais para tornar a festa concorrida. Em 2009, porém, parece que se ensaiou um resgate da antiga vocação econômica da Feira de Santana e que por muitos anos andou negligenciada, que é a pecuária.
O ir e vir dos vaqueiros e suas boiadas, os animais que se refaziam bebendo nas lagoas e olhos d’água que antes existiam no antigo arraial, o agricultor e o pecuarista que vêm à cidade fazer negócios, o comércio local que se fortaleceu com a pujança do setor primário deixaram marcas inegáveis na cultura e na história do município.
A industrialização que começou no final dos anos 1960 e o acelerado processo de urbanização então em curso deixaram o feirense envergonhado de suas origens rurais. Foi assim que a falsa dicotomia entre o urbano e o rural fincou raízes aqui também. E a Feira de Santana seguiu enlevada com as indústrias que pareciam sinalizar para o desenvolvimento noutra direção.
Com o passar dos anos, as indústrias vieram, foram e estão vindo novamente, movendo-se ao sabor dos incentivos fiscais. A lógica fria do setor secundário, no entanto, não se incorporou à cultura local, que em essência permanece rural e assentada na pecuária.
Novos Olhares
Nos últimos anos, porém, as estatísticas mostram que o Brasil cresce impulsionado também pelo setor primário, produtor de alimentos e matérias-primas. Na Feira de Santana, cujos vínculos com a pecuária permanecem firmes, é necessário resgatar e fortalecer essa tradição, fomentando novos negócios e consolidando o pólo regional que o município já constitui.
Espaço privilegiado de exposição dessas tradições, a Expofeira deve evoluir da condição de feira agropecuária e se constituir também em espaço de difusão e comercialização de produtos e serviços derivados da pecuária e de outras atividades agrícolas. Não que, hoje, a Expofeira não represente um êxito comercial: mas pode se avançar mais nessa direção.
Por inércia, o município já desfruta de situação confortável: localização estratégica, tradição na pecuária, pólo de abate de animais e de comercialização de insumos e – como vantagem adicional – dispõe de completa infraestrutura em comércio e serviços.
Futuro
A nova feição que a Expofeira assumiu em 2009 foi um passo importante para se avançar da condição de mais uma feira agropecuária – embora significativa – para um pólo atrativo e irradiador de uma atividade produtiva com as novas feições de um Brasil que se moderniza também no campo.
Pensar o futuro da Expofeira consiste em pensar um evento que vá além dos meros leilões de gado ou da venda de máquinas e implementos. Implica pensar um espaço que absorva as novas tendências do setor primário, como a agroindústria, o turismo rural, a diversificação produtiva. Tudo isso sem perder a perspectiva de que no campo – principalmente na agricultura familiar – gera-se riqueza e empregos.
Em 2010, certamente desfilarão políticos pela Expofeira, os shows e animais expostos atrairão milhares de feirenses ávidos pelas novidades que o evento traz e – tomara – a questão dos engarrafamentos estará resolvida. Mas, sobretudo, torça-se para que a Expofeira e eventos semelhantes ganhem em amplitude o que ganhou em 2009 em visibilidade.
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