Pular para o conteúdo principal

Vacinação em massa é a alternativa para a retomada econômica

 

O mês de março foi o mais letal da pandemia em Feira de Santana e abril não será muito diferente. Os números refletem os efeitos da segunda onda, que começou intensa no Amazonas e alcançou os estados de todas as regiões do Brasil. Dados do Centro de Informações de Registro Civil – CRC Nacional apontam que, em março, 111 pessoas morreram de casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 em Feira de Santana. Foi o maior número, para um mês, desde o começo da pandemia. Em abril, até o dia 20, mais 62 casos suspeitos ou confirmados tinham sido registrados.

Em julho do ano passado Feira de Santana tinha alcançado o patamar mais alto, com 94 óbitos pela doença suspeitos ou confirmados. No mês seguinte, agosto, os números começaram a cair e houve 63 mortes suspeitas ou confirmadas. Abril de 2021 já pode ser considerado, portanto, o terceiro mês mais letal da pandemia no município, com base nas informações do CRC Nacional.

Em um ano, mais de 0,1% da população feirense morreu de Covid-19: até 20 de abril, o CRC Nacional contabilizava 718 mortos confirmados ou sob suspeita da doença. Trata-se de um número bem superior ao de homicídios registrados pela Polícia Civil no mesmo intervalo, por exemplo. Feira, segundo projeta o IBGE, tem pouco mais de 600 mil habitantes.

A metodologia da Secretaria Municipal de Saúde é diferente e considera só os casos efetivamente comprovados. Mesmo assim, os números também são altos: desde março de 2020, são 602 mortes confirmadas. Em março, foram contabilizadas 88 mortes, mas nem todas aconteceram naquele mês. Em abril, até o dia 20, mais 58 casos. Alguns registros só são formalizados meses depois, conforme revelam os boletins do órgão.

Apesar das diferenças metodológicas, os números revelam que a segunda onda da pandemia está sendo mais severa em Feira de Santana e, apesar da tendência de queda dos óbitos em abril, os números ainda são muito elevados. Com tantos casos, há também pouca disponibilidade de leitos de UTI na rede pública.

O Governo Federal não se mobilizou no momento adequado para adquirir vacinas para imunizar a população, quando começaram a surgir as ofertas dos laboratórios, no segundo semestre do ano passado. Sem vacinação em massa, a pandemia permanece em alta, provocando internações e matando. Dessa maneira, não é possível retomar a rotina, sem risco de contaminação.

No Brasil – e na própria Feira de Santana –, boa parte da vacinação se deu com a Coronavac, imunizante chinês adquirido pelo Governo de São Paulo através do Instituto Butantan. Estimativas indicam que cerca de 80% dos imunizantes aplicados são do fabricante chinês. O restante é do laboratório britânico AstraZeneca.

Em Feira de Santana, 144 mil doses foram entregues, com 30,5 mil pessoas recebendo as duas doses e 81,4 mil apenas a primeira dose até o dia 20 de abril. O total de aplicações não alcança 20% da população, percentual bem inferior ao mínimo que permite uma retomada segura das atividades.

Enquanto aguarda providências do Governo Federal – que até recentemente recomendava medicamentos sem eficácia contra a doença – a economia brasileira padece. Em Feira de Santana a situação também é crítica, com o fechamento definitivo de muitos estabelecimentos, desemprego elevado e vendas muito abaixo do desejável.

A retomada da economia, porém, não depende de uma reabertura atabalhoada, como muitos cobram, mas do avanço do processo de vacinação e da manutenção de cuidados essenciais, como o uso de máscaras e do álcool em gel. Por enquanto, a solução é se cuidar e pressionar pela ampliação do processo de vacinação.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada fei...

Placas de inauguração contam parte da História do MAP

  Aprendi que a História pode ser contada sob diversas perspectivas. Uma delas, particularmente, desperta minha atenção. É a da Administração Pública. Mais ainda: a dos prédios públicos – sejam eles quais forem – espalhados por aí, Brasil afora. As placas de inauguração, de reinauguração, comemorativas – enfim, todas elas – ajudam a entender os vaivéns dos governos e do próprio País. Sempre que as vejo, me aproximo, leio-as, conectando-me com fragmentos da História, – oficial, vá lá – mas ricos em detalhes para quem busca visualizar em perspectiva. Na manhã do sábado passado caíram chuvas intermitentes sobre a Feira de Santana. Circulando pelo centro da cidade, resolvi esperar a garoa se dispersar no Mercado de Arte Popular, o MAP. Muita gente fazia o mesmo. Lá havia os cheiros habituais – da maniçoba e do sarapatel, dos livros e cordeis, do couro das sandálias e apetrechos sertanejos – mas o que me chamou a atenção, naquele dia, foram quatro placas. Três delas solenes, bem antig...

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da...