O desemprego
voltou a crescer de forma alarmante nos meses de junho e julho em Feira de
Santana. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, indicam que, desde
janeiro, 4.375 empregos formais deixaram de existir no município. Somando-se
aos 984 postos que encolheram ao longo de 2014, são mais de cinco mil empregos
a menos num intervalo de apenas 12 meses. O setor mais atingido até aqui,
conforme se previa, é o da construção civil. Mas a crise estendeu seus
tentáculos diluindo vagas nos mais diversos setores, o que sinaliza para o
caráter mais abrangente do seu alcance.
Em
julho registrou-se o mais elevado saldo de demissões no município: 1.246. No
mês anterior, junho, houve o segundo maior: 1.223; nesses dois meses, foram
2.469 empregos formais a menos, entre admissões e demissões. Até maio, a crise
vinha feroz, mas o saldo de demissões nunca ultrapassou os 700 postos mensais.
É um sinal que a crise tende a ser mais severa do que inicialmente se previa.
Afinal,
as quedas registradas em janeiro (-673) e fevereiro (-539) foram compensadas
por uma imprevista elevação em março (+354), seguida da preocupante tendência
negativa crescente em abril (-453), maio (-595) e, por fim, junho e julho,
quando o saldo negativo ultrapassou o milhar a cada mês, conforme já apontado.
O
drama é maior na construção civil, cujos trabalhadores foram beneficiados pelo boom imobiliário que o Brasil atravessou
nos últimos anos, incluindo aí a intensa construção de habitações populares.
Entre os serventes – o popular ajudante de pedreiro – foram 911 empregos a
menos entre janeiro e julho; entre o pedreiros, o saldo não é tão dramático,
mas igualmente desanimador: 573 empregos a menos no mesmo período.
Desemprego sistêmico
Os
saldos negativos, porém, somam-se às centenas em áreas sem nenhuma relação com
a construção civil. É o caso do comércio: nos sete primeiros meses do ano, 349
empregos evaporaram entre os comerciários. Entre os técnicos em enfermagem,
foram 212 oportunidades a menos. E até no promissor ramo de telemarketing houve
enxugamento, com 432 postos de trabalho a menos no mesmo período.
Quando
se compara o intervalo de janeiro a julho com os anos anteriores, também fica
evidente a deterioração no mercado de trabalho feirense: em 2014, nesse
intervalo, foram 576 empregos a mais. Em 2013, quando houve relativo sufoco, o
saldo foi positivo em 104 postos. E em 2010, o ano da grande geração de
empregos na Feira de Santana, foram gerados 5.063 novos empregos em sete meses.
Entre
janeiro de 2012 e julho de 2015, a Feira de Santana só conseguiu gerar 4.654
empregos a mais. Isso significa que, em 42 meses, o mercado evoluiu menos que
em sete meses de 2010. É claro que, em comparação a 2001 – quando os empregos
formais no município se limitavam a 54.602 – a situação é bem melhor. Mas é
inegável – e preocupante – a deterioração dos últimos anos.
Perspectivas
Desempregados,
pais e mães de família costumam cortar as despesas menos essenciais quando os
fluxos de renda cessam temporariamente. Todavia, quando o desemprego se estende
demais – sobretudo em situações de crise como a atual – outras alternativas de
sobrevivência tornam-se indispensáveis, como atividades informais ou prestação
de pequenos serviços. Nessas situações, os rendimentos tendem a ser menores.
Muitos
vão disputar mercado com trabalhadores menos qualificados, que permanecem na
informalidade mesmo nos momentos de bonança econômica, como o que se encerrou
em 2014. Com isso, comprimem-se rendimentos, há menos consumo, mais pobreza e
maior demanda pelas políticas de transferência de renda, como o Bolsa Família.
Enfim, uma tragédia.
No
segundo semestre o desemprego sempre tende a declinar, em função do aquecimento
das vendas de final de ano. É claro que, nesse amargo 2015, o bafejo, caso
haja, estará bastante aquém do desejável. O problema é que, para 2016, as
perspectivas são igualmente sombrias. Afinal, antes de recomeçar a crescer, o
Brasil vai experimentar mais um ano de recessão e desemprego...
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