Semana passada
discutimos a necessidade da Feira de Santana dispor de um plano de
desenvolvimento de longo prazo. Algo que abarque um período aproximado de duas
décadas: um Feira 2035 ou 2040, por exemplo. A justificativa é simples: embora
cresça aqui e ali e melhore pontualmente em determinados aspectos, falta ao
município – e a seu entorno metropolitano, como sempre é bom ressaltar – um
plano integrado, que aponte para seu futuro num intervalo de longo prazo. E que
ofereça não apenas metas, mas também sinalize caminhos para se alcançar os
objetivos traçados.
Mais
relevante que os elementos apontados acima, no entanto, é a indicação do
conteúdo que deve integrar essa agenda de desenvolvimento. Quais intervenções
em mobilidade são relevantes no longo prazo? Quem deve ser mobilizado para
implementá-la? Qual o intervalo de tempo razoável para a execução das
intervenções indicadas? São questões que o exercício do planejamento ajuda a
responder.
A infraestrutura, sem dúvida, é um dos temas
mais palpitantes na Feira de Santana. Apesar de avanços pontuais verificados
nos últimos anos, o município segue carecendo de intervenções urgentes.
Algumas, de tão óbvias, surpreendem por não estar sendo marteladas
exaustivamente na imprensa e no discurso dos políticos.
É
o caso, por exemplo, da BA 502, rodovia que liga a Feira de Santana a São
Gonçalo dos Campos, município próximo que, inclusive, integra a RMFS. A estrada
sinuosa, com aproximados 20 quilômetros de extensão, padece com o tráfego
intenso e exige duplicação urgente. Sobretudo porque, por ali, verifica-se já
um processo de conurbação, com a Feira de Santana misturando-se de tal forma à
cidade vizinha que fica difícil distinguir quem é quem.
Outra
intervenção fundamental é a duplicação da BR 116 – Norte, entre a Feira de
Santana e Serrinha, pelo menos até o entroncamento de acesso à BR 324, já
próximo de Tanquinho – que também é parte da RMFS. O tráfego intenso, os
acidentes constantes com vítimas fatais e os frequentes engarrafamentos, por si
sós, mostram a importância da intervenção.
Vias Expressas
Domesticamente,
a Feira de Santana precisa, com urgência, da construção de vias expressas que
afastem o tráfego pesado do perímetro urbano do município. Duplicar a Avenida
Contorno – como já vem sendo feito no trecho Sul do anel – não resolve o
problema fundamental, que é a confusão do trânsito urbano com os veículos que
apenas passam pela cidade, com outros destinos.
É necessário
construir novas vias, que interliguem rodovias já existentes, sem que o
trânsito aflua para o perímetro urbano da Feira de Santana. É o caso, por
exemplo, de uma via que interligue a BR 324 – no trecho entre Salvador e a
Feira de Santana com a BR 116 – Norte, desafogando a confusa avenida
Transnordestina e beneficiando a população dos bairros Cidade Nova, Campo
Limpo, Parque Ipê e Feira VI.
Também é
necessário pensar nessas conexões com a BR 116 – Sul, a movimentada Rio-Bahia
com as próprias BR 324 e 116 – Norte. Intervenções do gênero produziriam
evidente elevação na qualidade de vida da população feirense e favoreceria,
imensamente, os viajantes que hoje são obrigados a circular pelo perímetro
urbano da Feira de Santana.
Essas ideias,
a propósito, não são novas e circulam há bastante tempo. E também não esgotam a
agenda de um hipotético plano de desenvolvimento para a Feira de Santana no
longo prazo. É evidente, também, que envolvem valores vultosos, mas que podem
ser viabilizados à medida que se disponha de um plano de longo prazo e de vontade
política para implementá-lo.
Um plano de longo prazo, todavia, não envolve
apenas obras, nem se esgota na seara econômica. É necessário pensar, sobretudo,
nas pessoas que vivem e constroem suas vidas num determinado espaço. Para isso
é fundamental se pensar políticas sociais e – mais ambiciosamente – o próprio
desenvolvimento humano. Isso, no entanto, é tema para um próximo artigo...
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